O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamente afirmou que está sendo realizada uma força-tarefa, buscando o rastro, "puxando o fio da meada", para saber quem de dentro da secretaria recebeu o termo de cessão de uso destas placas de computador Wytron, que podem ser responsáveis pelas interceptações ilegais em Mato Grosso, o esquema da "grampolândia pantaneira".
Bustamente reconhece que assinou o documento há 11 anos, quando era secretário-adjunto do setor de Estratégia e de Inteligência da pasta. Mas que há uma diferença entre o termo de aquisição e o recebimento literal do produto.
Que é preciso saber a cadeia de domínio, o servidor responsável na secretaria que há mais de uma década recebeu o termo, para, a partir disso, "puxar o fio da meada" e confirmar se, de fato, as placas foram usadas pela Sesp para a realização das interceptações telefônicas ilegais.
“Eu assinei o termo [há 11 anos] como eu assino atualmente mais de 20 por dia. Mas não quer dizer que houve encaminhamento das placas. Se foi entregue alguém vai achar, porque a gente já achou muita coisa aqui [Sesp] de muito tempo atrás”
"Você assina um termo e aí, depois de um tempo, vem o produto daquele termo. É aí que eu quero saber quem foi que recebeu da secretaria. Se foi o setor de patrimônio. A gente não sabe o dia que foi encaminhado e quem teria recebido", enfantizou o gestor, nesta quinta-feira (15), logo após a coletiva de imprensa para esclarecer a operação "Agente Elison Douglas" na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Em depoimento à Justiça, um dos réus da grampolândia, o coronel da Polícia Militar Evandro Lesco disse que as placas foram doadas a Sesp pelo Ministério Público Estadual (MPE), à epoca, sob o comando do então procurador-geral de Justiça, Paulo Prado.
Segundo Lesco, o esquema da grampolândia só se efetivou graças a aquisição das placas.
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Secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante
Bustamante também informou que o MPE investiga as procedências das declarações de Lesco e que também faz um rastreamento interno para localizar o recibo do termo de cooperação, que resultou na entrega das placas a Sesp.
"Eu assinei o termo [há 11 anos] como eu assino atualmente mais de 20 por dia. Mas não quer dizer que houve encaminhamento das placas. Se foi entregue alguém vai achar, porque a gente já achou muita coisa aqui [Sesp] de muito tempo atrás. O MP também está procurando o recibo. Por enquanto não posso afirmar e nem desmentir que essas placas estiveram aqui", fanalizou o gestor.