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POLÍTICA Segunda-feira, 15 de Julho de 2019, 15:31 - A | A

Segunda-feira, 15 de Julho de 2019, 15h:31 - A | A

GRAMPOLÂNDIA PANTANEIRA

Chefe do Naco rebate cabo Gerson e classifica 'verba secreta' no MP como insinuações

Alexandra Freire - O Bom da Notícia

O cabo da PM, Gerson Corrêa Júnior, um dos envolvidos no esquema da arapongagem instalada no  Palácio Paiaguás, no governo de Pedro Taques (PSDB), que teve seu pedido de delação premiada negado no último dia 5 de julho, pelo coordenador Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco Criminal), procurador Domingos Sávio, assegura que houve desvio de finalidade em verba secreta do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado.


Mesmo fundamentando sua petição, de acordo com despacho de Domingos Sávio, o pretenso colaborador só expôs insinuações, conjecturas e não trouxe nada de concreto. 

 

“Diante disso, pergunta-se: como celebrar um negócio jurídico com requente se, ao final e ao cabo de todo o processo, os elementos por ele[Gerson] trazidos não terão resultado útil algum, em eventual ação penal? Por que seria interessante ao Ministério Público concordar, assim, com a concessão de um benefício ao delator, prestes a ser condenado, em vista do pouco – e inverossímil – que por ele é oferecido?”, diz trecho do despacho.

 

Assim, Domingos Sávio entendeu que não é possível celebrar qualquer acordo de colaboração premiada com o cabo. 

 

Além de citar a suposta verba secreta, em seu pleito de colaboração premiada, Gerson cita que houve manipulação seletiva de áudios e vídeos em operações do Gaeco, omissão de resultados de auditoria do Sistema Guardião, motivado pela constatação de irregularidade na inserção de terminal telefônico, entre outros fatos.  

 

MPE

cabo gerson

 

Ainda conforme o promotor e chefe do Naco, o cabo teria dito que não expôs os fatos antes porque tinha receio de morrer, bem como d sofrer retaliações funcionais à época.

 

 O policial está sendo investigado e processado como suspeito de participar de arapongagem, que de acordo com o que já foi apurado, “nos mais diversos procedimentos, trata de um “Núcleo de Inteligência” clandestino, instalado sob comando de alguns policiais militares de alta patente.

 

Recentemente, Domingo Sávio comentou em entrevista à Rádio Capital FM que o pedido de delação de militares seria porque eles estariam 'com corda no pescoço na 11ª Vara Especializada da Justiça Militar'. Os militares envolvidos no esquema passam por audiência nesta terça-feira (16). 

 

O site Gazeta Digital  teve acesso nesta segunda-feira (15), a um vídeo de um dos depoimentos de cabo Gerson onde o procurador e chefe do Naco admite que o depoente teria "um monte de provas” sobre as afirmações que faz sobre o caso. Mais tarde, na entrevista à rádio, o procurador contesta esta versão.

 

“A colaboração é algo sigiloso. A lei determina sigilo absoluto. Então, o MPE não pode divulgar delação premiada, não pode vazar nada sobre ela. A lei determina que caso negada a delação, nós devolvamos todos os documentos para aqueles pretensos delatores, para aquele quem requereu a colaboração. Tamanho é o sigilo que devolve-se tudo. Agora, eu sei que muita gente ignora a legislação, aí fica difícil debater. Com relação ainda a colaboração, eu soube que esses policiais estão com a corda no pescoço na 11ª Vara criminal, faltando apenas a sentença. Eles já foram flagrados naquela situação. O MPE não está omisso nisso e vamos dar mais uma resposta semana que vem. Agora não é possível fazer delação para quem já está praticamente condenado”, disse Domingos Sávio à rádio.

 

O Bom da Notícia procurou o advogado do cabo Gerson, Neyman Monteiro, para comentar as declarações de Domingos, Sávio, mas ele disse que só vai se pronunciar sobre o caso após a audiência desta terça. 

 

O esquema

 

O escândalo da grampolândia veio à tona em 2016, após denúncia do ex-secretário de Segurança Pública do Estado e promotor de Justiça, Mauro Zaque de que policiais militares e integrantes da cúpula do Poder Executivo [durante a gestão do governador tucano Pedro Taques], estariam grampeando ilegalmente políticos, empresários, juízes e jornalistas através da modalidade "barriga de aluguel". Os números eram anexados, de forma ilegal, a lista de interceptação de pessoas investigadas por tráficos de drogas na Comarca de Cáceres.

 

Diversos secretários de Estado - muitos militares -, foram presos devido a investigação. Entre eles estão o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques [primo do governador Pedro Taques], o ex-chefe da Polícia Militar, Evandro Lesco e o ex-secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas.

 

Inquéritos policiais

 

A Polícia Civil divulgou que os delegados Rafael Mendes Scatolon, Luciana Batista Canaverde e Jannira Laranjeira Siqueira Campos conduzem os inquéritos policiais que apuram interceptações ilegais no Estado.

 

Eles substituem os delegados Flávio Henrique Stringueta e Ana Cristina Feldner que estavam à frente das apurações, mas deixaram o posto após as investigações terem sido retidas no Supremo Tribunal de Justiça. Segundo assessoria da Polícia Judiciária Civil, eles foram convidados para retomarem o caso, mas não aceitaram por razões pessoais.