Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

POLÍTICA Sábado, 13 de Abril de 2019, 09:58 - A | A

Sábado, 13 de Abril de 2019, 09h:58 - A | A

AVALIAÇÃO

“Mato Grosso é pobre em liderança política para substituir Selma”, diz analista político

Camila Paulino - Especial para o Bom da Notícia

O jornalista e analista político Onofre Ribeiro afirma que Mato Grosso perde politicamente com a cassação do mandato da senadora Selma Arruda (PSL) pois, segundo ele, o cenário atual não oferta muitas opções de candidatos com liderança política para assumir a vaga.

 

A decisão pela cassação foi por meio de votação unânime realizada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) nesta quarta-feira (10). 

 

A chapa composta pela senadora e os suplentes Gilberto Possamai [1º suplente] e Cleire Fabiane [2° suplente] pode perder definitivamente o cargo por acusações de abuso de poder econômico e caixa 2 nas eleições de 2018.

 

Além disso, a senadora pode ficar inelegível por oito anos. Onofre pontua que mesmo a defesa de Selma recorrendo à instâncias superiores, as chances de reverter a situação é mínima e com isso a política mato-grossense perde uma importante liderança no Senado. 

 

“Ela não tem a menor chance de reverter esta situação, pois foi uma decisão unânime, infelizmente ela perde o mandato e ainda fica oito anos inelegível, perdemos assim um importante quadro político. É uma movimentação muito grande no tabuleiro da política do Estado para encontrar um político adequado para o cargo, porque somos pobres em liderança política para substituir Selma.”, disse Onofre ao 'O Bom da Notícia'. 

 

O analista político afirma que dentre os nomes cotados para um novo pleito, o ex-vice- governador Carlo Faváro (PSD) seria uma boa opção para o Estado e para o cenário nacional.

 

“Ele tem uma leitura moderna, discurso novo, não faz parte da antiga política, é mais neutro, faz parte de um partido pequeno, sem contar que obteve bastante votos, então para o Senado, ele seria uma boa opção”, afirma Onofre. 

 

Sobre a possibilidade de o deputado federal Nelson Barbudo (PSL) deixar o cargo para a disputa ao Senado, o analista considera arriscado para o cenário nacional, pois o presidente Jair Bolsonaro (PSL) perde uma liderança na Câmara Federal. 

 

“Barbudo é bom de briga na Câmara e se ele sair vai desfalcar para Bolsonaro, que precisa de apoio na Câmara para emplacar projetos. O é deixar Barbudo quieto porque o maior problema de Bolsonaro é no Congresso Nacional então perder um voto ali é muita coisa”, afirma o analista. 

 

É cotado para a disputa ao Senado, o ex-governador Pedro Taques (PSDB) e o ex-deputado federal Adilton Sachetti (PRB), que também foi candidato ao Senado no ano passado, mas foi derrotado.   

 

Bandeira anticorrupção Segundo Onofre, o fato de Selma ter levantado a bandeira da anticorrupção e ser nova na política, dificulta a tática da defesa e limita os critérios que podem ser adotados para reverter a situação. 

 

“A tática da defesa muda muito, por ela ser conhecida como a juíza contra a corrupção muda totalmente esta questão de fornecer o respaldo para a defesa, ela é muito nova e não conhece a malícia da política onde se encontra muitas brechas, muitos detalhes. Acho inclusive que a tática de defesa dela não foi a mais adequada, porém o discurso dela que dificulta muitas coisas”, disse o analista político. 

 

O analista político afirma que a cassação de Selma não se trata de perseguição, mas de um novo cenário político em que a opinião pública ganhou força nos últimos anos. 

 

“A alegação de que a senadora sofre perseguição política é infundada, este processo está dentro de um revisionismo que o país passa neste momento, não tem teoria da conspiração nenhuma, ela infringiu a questão do gasto da campanha, deixou provas e foi cassada”, disse ele. 

 

Onofre ressalta que a força da opinião pública e o poder da movimentação política popular ganharam força nos últimos anos, tanto que o voto do brasileiro está mais consciente e vêm conseguindo destituir o poder absoluto de órgãos como Judiciário e Supremo Tribunal. 

 

“A opinião pública está tendo mais peso para a política e judiciário, o que faz com que até o Supremo deixe de ser acima de tudo, acima do bem e do mal, pois antes eles tinham um poder acima de tudo e todos, mas agora a opinião pública começa a dar outros rumos no cenário nacional”, afirma Onofre.