O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, juntamente com o governador Mauro Mendes (DEM), sobrevoou de helicóptero, na tarde desta quarta-feira (21), pontos de queimadas no Estado. Sales disse que boa parte dos focos de incêndio é criminosa.
“Agora, se essas pessoas são comuns, são produtores ou estão ligadas as Ongs é uma investigação que poderá levar a esse resultado, destaca governador”
"O que nós verificamos em todos os pontos que vimos são alguns lugares com fogo intencional e outros com fogo incidental. Aqui na cidade, claramente no perímetro urbano, há fogo colocado de forma proposital, o que também foi observado pelo governador, o que é muito ruim para saúde das pessoas na cidade", disse em coletiva de imprensa no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, após ter sobrevoado a região de Chapada dos Guimarães e da baixada cuiabana.
Vale lembrar que mais cedo, em entrevista na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem apresentar provas, classificou como criminosa a série de queimadas pelo país e disse que ONGs [Organizações não Governamentais] de proteção ao meio ambiente podem estar envolvidas nos incêndios ilegais.
"Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses ongueiros para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos. Vamos fazer o possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso", disse à Folha de S. Paulo.
Ao ser questionado sobre a fala do presidente, o governador Mauro Mendes tentou contemporizar dizendo que é possível que tenham pessoas atrás dessas ações, "pois o fogo não começa de maneira espontânea".
"Agora, se essas pessoas são comuns, são produtores ou estão ligadas as Ongs é uma investigação que poderá levar a esse resultado, e o presidente, provavelmente, ao fazer essa afirmação, ele pode ou não ter essas informações", completou.
Conforme levantamento do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), Mato Grosso lidera o ranking de queimadas na Amazônia, com cerca de 14 mil focos de calor acumulados de janeiro até agosto deste ano.
Postura de confronto do presidente
Mauro também foi questionado pelos jornalistas sobre a postura desagregadora de Bolsonaro, com ataques principalmente aos governadores do nordeste, em especial a Flávio Dino, do Maranhão.
O governador saiu pela tangente e disse que Bolsonaro costuma falar verdades de uma maneira muito direta e peculiar, e que também não iria fazer juízo de valor quanto à postura do presidente.
"Ele é o nosso presidente. Foi eleito democraticamente. Tem a sua dinâmica própria. Ele diz muitas verdades de uma forma muito objetiva e peculiar e não cabe a mim fazer esse julgamento. Eu tenho a minha forma de conduzir, ele tem a dele, e todos nós somos responsáveis por aquilo que falamos", pontuou.