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POLÍTICA Quarta-feira, 19 de Junho de 2019, 14:59 - A | A

Quarta-feira, 19 de Junho de 2019, 14h:59 - A | A

MINISTRO NO SENADO

Moro usa a senadora Selma como referência de normalidade, "a relação de juiz com procuradores"

O Bom da Notícia

(Foto: Reprodução)

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Nesta quarta-feira (19), informação veiculada na coluna de Guilherme Amado, na Época, revela que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, do governo de Bolsonaro (PSL), fez largos elogios no Senado, à carreira da juíza aposentada e senadora Selma Arruda, do PSL, que teve o mandato cassado por unanimidade, pelo Tribunal Regional de Mato Grosso, por caixa dois e abuso de poder econômico.

 

Os elogios de Moro foram feitos no Congresso em depoimento sobre as reportagens publicadas pelo The Intercept Brasil, que vêm mostrando mensagens trocadas entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, quando Moro era ainda o juiz responsável pela Operação Lava Jato.

 

Mesmo voltando a colocar em xeque a autenticidade das conversas obtidas pelo site The Intercept Brasil e, claro, se colocar como vítima da ação criminosa de um hacker, Moro admitiu, no entanto, que pode ter sido autor de "algumas" das mensagens publicadas pelo site, sem esclarecer quais seriam. Mas atacando frontalmentte o veículo de comunicação e o seu editor, o jornalista americano Glenn Greenwald, sob o argumento, inclusive, de não ter sido ouvido antes da divulgação das reportagens.

 

É normal depois da decisão proferida haver uma discussão sobre questão de logística, quando vai ser cumprida, como vai ser cumprida, e eventualmente pode ter havido uma mensagem nesse sentido. Isso não tem nada de revelação ou conteúdo impróprio, diz Moro

Foi sob este contexto que o ministro teria usado a juíza como referência, ao pontuar que seria normal uma discussão de logística entre um juiz e um procurador. 'Tem aqui a senadora Selma, que atuou muito destacadamente como juíza lá no Mato Grosso, teve várias operações. É normal depois da decisão proferida haver uma discussão sobre questão de logística, quando vai ser cumprida, como vai ser cumprida, e eventualmente pode ter havido uma mensagem nesse sentido. Isso não tem nada de revelação de imparcialidade ou conteúdo impróprio", disse Moro no Senado.

 

Evitando, entretanto, informar que a senadora de Mato Grosso tem realizado uma verdadeira cruzada no Tribunal Superior Eleitoral, para tentar manter seu mandato, após ser eleita com forte discurso anticorrupção.

 

Selma Arruda que atuou por muitos anos na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, como magistrada, é responsável pela prisão de políticos de envergadura no Estado como o ex-governador Silval Barbosa (sem partido) e do ex-presidente da Assembleia estadual, José Riva (também sem partido).

 

Mas mesmo usando a senadora Selma [na época na condição de juíza] como referência de 'normalidade' nas relações entre magistrados, promotores e procuradores, Moro rechaçou a autenticidade dos diálogo sob a justificativa de que ele [Moro]teria excluído o aplicativo Telegram de seu aparelho em 2017 e não teria guardado o histórico de conversas.

 

A argumentação do ministro foi contestada por parlamentares, alguns chegando a ironiza-lo, como o líder do PSD, Otto Alencar (BA) - "ele tem péssima memória"-, comentou.

 

Selma Arruda

 

Em várias ocasiões - desde o vazamento das conversas publicadas pelo The Intercept Brasil, entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol -, a  senadora Selma Arruda saiu em defesa de Sérgio Moro. Também a Selma, na época magistrada, tinha uma certa  proximidadade com o Ministério Público, ainda que não se possa chamar esta relação como uma "dobradinha", como tem sido apontado no caso do ministro.

 

(Foto: Print/Selma)

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