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POLÍTICA Quinta-feira, 18 de Abril de 2019, 14:50 - A | A

Quinta-feira, 18 de Abril de 2019, 14h:50 - A | A

AGRO E INFRAESTRUTURA

Produtores criam movimento para acompanhar destinação do Novo Fethab

Alexandra Freire/Marisa Batalha -O Bom da Notícia

Reprodução

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O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e vice-presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, em entrevista nesta quinta-feira (18), ao Jornal do Meio Dia da TV Vila Real, voltou a cobrar a destinação dos recursos, do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), pelo governo do Estado, ao anunciar a criação do Movimento Mato Grosso Forte, composto pelos representantes do agronegócio do Estado.

 

De acordo com Galvan, o setor já vem debatendo este assunto há um certo tempo. Já tendo sido realizadas rodas de conversas com vários políticos e mesmo uma audiência na Assembleia Legislativa para afunilar as discussões sobre a taxação imposta ao agronegócio, pelo goverrnador Mauro Mendes (DEM), sob a alegação de que todos os setores da sociedade teriam que dar uma contribuição maior ao estado como forma a ajudá-lo a se reequilibrar economicamente.

 

Para o presidente da Aprosoja, os grandes empresários desta área não se importam de contribuir, claro, mas foi criado o Movimento como forma de realizar cobranças mais pontuais ao Governo do Estado, sobre como e em quais locais serão destinados 60% dos recursos do “Novo Fethab”. Já que apenas 30% dos recursos do Fundo serão utilizados para a destinação de origem. Ou seja, criado pela lei nº 7263/2000, o Fethab sempre teve como objetivo central o financiamento de planejamento, execução, acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e habitação.


Ainda reforçando que a medida governamental teve um impacto bastante negativo junto aos produtores rurais, empresários e representantes de outras entidades representativas do setor agropecuário. Assim, agora, eles se uniram após a taxação do agronegócio [por meio do Novo Fethab], para cobrarem o gestor democrata Mauro Mendes a contrapartida que precisam.

 

Prioritariamente, conforme Galvan, o retorno do novo imposto deveria voltar para a recuperação da malha viária de Mato Grosso como forma de assegurar o escoamento da produção da soja, do algodão do milho. Lembrando que Mato Grosso é o maior produtor de sementes do país e tem convivido com estradas ruins e ainda com a falta delas em várias regiões do Estado.

 

'Nó temos acompanhado há anos a falta de uma gestão eficaz na aplicação dos recursos,agora estamos prontos para cobrarmos. Pois, o descontentamento é grande em todo o segmento. Passamos meses discutindo e tentando evitar que isso acontecesse, pois o setor já contribui e não estamos cobrando nada além do que é de direito', disse ainda Galvan.

 

Ainda revelando que algumas rodovias estaduais que são de extrema importância para interligar os municípios, se encontram atualmente em condições precárias. Muitas que já fazem parte de relatórios feitos pela Aprosoja que realiza anualmente um raio-x das estradas de Mato Grosso.

 

A cobrança do setor - e que tem causado desgaste aos produtores -, é que o Novo Fethab pretende retirar mais 10% de infraestrutura e logística que fazem parte do MT Par para aplicar em outra área.

 

“Isso nos deixou indignados. Dizer que o dinheiro ia ficar parado (no MT PAR)? Não concordamos com que essa história de ficar parado, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho é quem veio com essa conversa”, diz

 

Sob este contexto Galvan informa que o diálogo está aberto com Mauro Mendes. Pontuando que a classe esteve com ele na Feira Norte Show, em Sinop, na semana passada e que já teriam sido passadas ao chefe do Executivo democrata algumas das principais reivindicações, já que o setor do agronegócio foi primeiro que o democrata tributou. “Quando se fala em infraestruturas, rodovias, não é o benefício simplesmente para o produtor rural. Há muitos municípios que estão com asfaltos deteriorados. A gente vê com bons olhos a preocupação do Governo, mas a gente quer que esse recurso seja destinado para uma finalidade, ou seja, a infraestrutura”, diz.

 

E ao reconhecer que a saúde é importante, o presidente da Aprosoja fez, no entanto, um contraponto, ressaltando uma situação na qual um paciente precisa vir de um município muito distante para se tratar em Cuiabá, e que será obrigado a percorrer estradas esburacadas, em péssimas condições.

 

“A gente não tem nada contra a decisão do governador. Acreditamos que ele ele está determinado em fazer essa mudança, que o Estado precisa, mas ele tem de olhar para a Infraestrutura. Nada acontece no Estado se não tivermos como ir e vir. Nem andarilho gosta de estrada de chão”, pondera.

 

Revelando também que o produtor rural concorda em pagar Fethab sobre a soja, até do próprio algodão, mas que no mínimo esse recurso vá para essa infraestrutura. Ressaltando que nenhuma empresa grande vai querer instalar em uma cidade mato-grossense que tenha acessos ruins. “A gente corre risco sério com estradas ruins como a temos hoje, de muitos produtores chegarem mesmo a perder sua produção”, avalia.

 

Vazio sanitário

 

Antônio Galvan também comentou sobre a polêmica que criou na semana por conta de uma entrevista dada à Revista Globo rural sobre o fim do vazio sanitário. Sua posição em reagir às datas impostas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para planntio, ganhou ressonância nacional ao ser destaque na Revista Globo Rural.

 

Conforme a Embrapa, o vazio sanitário é um período de no mínimo 60 dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo. O vazio acontece de 15 de junho a 15 de setembro. Depois disso vem o calendário de plantio da soja (de 16 de setembro a 31 de dezembro).

 

Conforme a Revista Globo Rural, a Polícia Judiciária Civil instaurou um inquérito para investigar Antônio Galvan, por esta suposta incitação. Já Galvan admite sua posição e a reafirmou, revelando que vem tentando mesmo mudar o período de plantio.

 

"Estão querendo deturpar uma entidade que representa aí quase seis mil produtores. Nós estamos aqui falando de defender a data de plantio. Não tem nada ver com o vazio sanitário. Isso não se mexe, queremos mexer é nessa data de plantio que instituíram”, reafirmou.

 

Assim, ele sugere que o período de plantio seja remanejado para o mês de fevereiro, pedindo que a Emprapa faça uma pesquisa para validar essa sugestão. Ressaltando que já foi passada à empresa de Pesquisa Agropecuária esta proposta e, claro, recusada por ela. Assim, diz, esta pesquisa foi assumida, pela Fundação Rio Verde e já há um pesquisador rodando o Estado inteiro realizando esta análise.

 

“Tem um pesquisador vererificando in loco a barbárie que foi plantio de dezembro em relação a data que nós defendemos aí, para o início de fevereiro. Então, não tem soja dentro do vazio sanitário a Aprosoja não defende isso. Tem um lobby econômico oculto muito forte aí. A Emprapa se nega fazer pesquisa sobre o assunto, então alguma coisa está errada. Nós não estamos falando da mudança do vazio sanitário, mas sim da mudança do plantio de soja, que fevereiro é muito mais propício e usa muito menos defensivos agrícolas”, conclui.

 

Globo Rural

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