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CIDADES Terça-feira, 27 de Outubro de 2020, 08:52 - A | A

Terça-feira, 27 de Outubro de 2020, 08h:52 - A | A

CASO RODRIGO CLARO

Após 4 anos, Ledur será julgada por tortura e morte de aluno; MP quer expulsão de oficial

Rafael Martins/O Bom da Notícia

Após 4 anos, enfim, foi marcado para 27 de janeiro de 2021 o julgamento final do processo contra a tenente Izadora Ledur de Souza Dechamps, ré pelo crime de tortura que culminou na morte do aluno bombeiro Rodrigo Claro, em novembro de 2016.

A última etapa para condenar ou absolver Ledur do crime foi marcada para às 13h, na 11º Vara Militar, no Fórum de Cuiabá. Na ocasião, ela vai ser julgada por quatro militares do Corpo de Bombeiros que atuarão como juízes. O caso será presidido pelo juiz Marcos Faleiros. 

Conforme noticiou O Bom da Notícia, em março deste ano, Ledur foi ouvida por 2h30 em audiência de instrução na Vara Militar. Ela disse na ocasião que Rodrigo era desequilibrado diante da água e que um bombeiro não pode vacilar na hora de fazer o salvamento e que ele vinha demonstrando essa dificuldade. Por isso, focou no treino dele. 

Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre, entre outros exercícios

O Bom da Notícia, ainda levantou que o Ministério Público requer condenação da tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur, pelo crime de tortura contra o aluno Rodrigo Claro.

Documento assinado no último dia 23 pelo promotor Paulo Henrique Amaral Motta propõe que a oficial seja condenada à perda do posto e da patente de oficial, além de exclusão das fileiras da corporação. Claro morreu no dia 15 de novembro de 2016, após um treinamento na Lagoa Trevisan. A tenente, que coordenava o curso, é apontada como autora de “caldos” e sessões de afogamentos que resultaram na morte do aluno.

O pedido foi protocolado nas alegações finais do processo contra a ré. Segundo o promotor, está comprovada tanto a materialidade quanto a autoria do delito de tortura qualificada pelo resultado morte. O promotor enfatizou que, mesmo que a conclusão pericial tenha apontado que a causa do óbito tenha sido hemorragia cerebral decorrente de causa natural, o intenso sofrimento físico e mental retratado nos “caldos” levaram a vítima ao seu extremo e ocasionaram seu falecimento.

O promotor salienta que restou incontroversa[que não admite maisdúvida ou discussão], a configuração do delito de tortura a partir dos depoimentos. Segundo ele, foi possível verificar que a denunciada, mediante o emprego de violência, dolosamente submeteu a vítima Rodrigo, que estava sob a sua guarda e autoridade, a intenso sofrimento físico e mental, como forma de lhe aplicar castigo pessoal. “Rodrigo foi submetido a intenso sofrimento físico e mental, o qual lhe custou a vida, tendo em vista o estado de penúria, padecimento e martirização a que fora exposto desde o início da instrução”, complementa o promotor.

Caso Rodrigo Claro

De acordo com a denúncia do MPE, apesar de apresentar excelente condicionamento físico, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre, entre outros exercícios.

Consta na denúncia que, embora os problemas do rapaz tenham chamado a atenção de todos, os responsáveis pelo treinamento não só ignoraram a situação como utilizaram-se de métodos considerados reprováveis, tanto pela corporação militar, quanto pela sociedade civil, para “castigar” os alunos do curso que estavam sob sua guarda.

Conforme o MPE, depoimentos colhidos durante a investigação demonstram que o aluno foi submetido a "intenso sofrimento físico e mental com uso de violência". A responsável pelos atos contra o jovem, segundo a denúncia, teria sido a tenente, como forma de punir Rodrigo, por ele ter apresentado mau desempenho nas atividades dentro da água.