Em entrevista coletiva na tarde de terça-feira (28), a defensora pública-geral de Mato Grosso, Luziane de Castro, denunciou que a colega e também defensora pública, Gabriela Beck, recebeu voz de prisão e foi agredida enquanto atuava em um caso de desapropriação em uma fazenda em Novo Mundo (785 km de Cuiabá). Além da denúncia, ela pede a apuração dos policiais que estavam no ato.
A defensora recebeu voz de prisão enquanto realizava atendimento em uma área próxima à região conflituosa, após uma ação de desocupação de uma fazenda no município de Novo Mundo, que ocorria sem determinação da Justiça.
De acordo com Luziane de Castro, a vítima estava fazendo o seu trabalho, “Por isso que eu enfatizei que a defensora estava lá para atuar junto àquelas pessoas, pois existem pessoas em vulnerabilidade social e nós fomos lá para atender essas citações que ouve o chamamento inicial, então nós recebemos até um ofício. Nós fomos lá para resolver um conflito e não podemos admitir que a defensora sofra qualquer agressão por parte da Polícia Militar”.
“A resposta violenta dos policiais demonstrou-se, no nosso entendimento, absolutamente desproporcional e truculenta. Entendemos que houve violação das prerrogativas e estamos aqui para fazer a defesa da atuação profissional não só da Gabriela Beck, mas de todos os defensores e defensoras públicas que estiverem na defesa da população vulnerável. Não vamos admitir que situações como essa se repitam e vamos cobrar com afinco que sejam tomadas todas as providências cabíveis, para que esses policiais que agiram sejam indevidamente responsabilizados", acrescentou a defensora pública-geral. Cerca de 100 pessoas participaram da tentativa de invasão e 13 foram presas.
De acordo com a Pastoral da Terra, entre os presos estão a defensora pública Gabriela Beck e o padre Luís Cláudio da Silva, que estavam no local. A postura dos militares foi denunciada e criticada pela Comissão da Pastoral da Terra, que apontou truculência e falta de um mandado judicial para retirar as pessoas do local.
Durante a ação foram apreendidas uma espingarda calibre 20, munições deflagradas, esferas de aço, pólvora e produtos usados na recarga de armas. Luziane destaca que a colega foi agredida fisicamente e nuanças enquanto estava trabalhando e ouvindo as pessoas durante a ação de desocupação e cobra investigação dos militares envolvidos.
"Houve agressão física, apreensão de celular, configurando uma grave violação das prerrogativas profissionais da Gabriela Beck que, eu volto a dizer, estava ali no exercício da função de defensora pública. Ela estava trabalhando e ouvindo as pessoas que já haviam sido retiradas da ocupação. A desocupação, portanto, já tinha ocorrido. Mesmo tendo se identificado como defensora e estando usando camiseta da Defensoria Pública, ela foi detida, evidenciando todo o desrespeito dos policiais. Vamos exigir uma investigação independente do caso e punições imediatas", finalizou.
Outro lado
Até a publicação desta matéria a Polícia Militar não se pronunciou sobre o caso. O espaço segue aberto.