O juiz Darwin de Souza Pontes, da Primeira Vara Criminal e Cível de Canarana (823 km a Leste), recebeu a denúncia feita pelo Ministério Público do Estado (MPE) contra Kutsamin Kamayura, bisavó da recém-nascida Analu Paluni Kamayura Trumai, que foi enterrada viva no quintal da residência da família, no último dia 05. Além disso, o MPE acusa a mulher de tentar matar a bebê asfixiada antes de soterrá-la.
“Preenchidos os requisitos legais, recebo a denúncia, na forma em que foi posta em Juízo”,diz trecho do documento.
Consta no processo com base no inquérito preliminar policial e no depoimento de uma enfermeira que trabalha na casa de saúde indígena, que a ré tinha plena consciência do que estava fazendo, uma vez que todos os indígenas daquela região são instruídos a recorrer a auxílio médico se necessário. Também há suspeita de que a família não aceitava a gravidez da adolescente, Maialla Paluni Kamayura Trumai, de 15 anos, em razão do pai da criança não querer assumi-la.
Conforme apurou a denúncia, a acusada premeditou e orquestrou o sepultamento, haja vista que testemunhas relataram ter visto a cova sendo aberta dias antes do nascimento. Porém, no dia do parto a mulher cortou o cordão umbilical da menina e posteriormente a enrolou em um pano. Depois a colocou embaixo da terra.
Em depoimento, a acusada teria alegado que enterrou a bisneta, acreditando que a mesma estava morta. Kutsamin Kamayura está presa na sede da Fundação Nacional do índio (Funai) de Canarana.