Christiano Antonucci / Secom-MT
O governador democrata, Mauro Mendes, se desculpou com a população nesta sexta-feira (13), pelo fato de não conseguir cumprir a promessa de oferecer uma solução definitiva quanto ao destino do Veiculo Leve Sobre Trilhos, com obras paralisadas desde 2014, em Cuiabá e Várzea Grande.
Em 30 de outubro, o gestor democrata já havia se posicionado - em conversa com jornalistas -, sobre a prorrogação na entrega do relatório técnico do Veiculo Leve Sobre Trilho, prometido por ele para 11 de novembro, ao lamentar na época, a troca, pela terceira vez no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), do secretário nacional de Mobilidade Urbana.
“Realmente eu disse que em até um ano daria uma solução. Peço desculpas, mas não foi possível. Criamos uma comissão, teve que colocar o Governo Federal porque tem verba federal. Tem financiamento feito pela Caixa Econômica. Houve problemas no meio do caminho. Descobrimos coisas analisadas no passado que não estavam corretas ”
A declaração o chefe do Executivo estadual foi validada pelo secretário nacional de Mobilidade Urbana e Serviços Urbanos, Ricardo Caiado de Alvarenga, um dia depois, 1º de novembro, quando circulou no Diário Oficial da União, a decisão de Alvarenga de prorrogar por mais 120 dias o prazo para a conclusão do estudo técnico sobre a viabilidade ou não do VLT nas duas cidades.
Em entrevista realizada nesta sexta, na Rádio Capital FM, Mendes apontou uma série de entraves no andamento dos estudos realizados pela Grupo de Trabalho sobre o Sistema de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana de Cuiabá, que conta com técnicos do Governo do Estado e da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana e ainda de especialistas na área das duas prefeituras.
"[...] Realmente eu disse que em até um ano daria uma solução. Peço desculpas, mas não foi possível. Criamos uma comissão, teve que colocar o Governo Federal porque tem verba federal. Tem financiamento feito pela Caixa Econômica. Houve problemas no meio do caminho. Descobrimos coisas analisadas no passado que não estavam corretas [...]".
Ainda que a prorrogação tenha ocorrido após nota técnica expedida pelos próprios órgãos do Ministério - de Desenvolvimento Regional e secretaria Nacional de Mobilidade Urbana -, apontando a necessidade de mais prazo para a conclusão da análise. O que resultou, inclusive, na necessidade da contratação, pelo governo do Estado, de um novo estudo sobre a viabilidade econômico financeira do modal. Que vem sendo realizada pela empresa Oficina Engenheiros e Consultores Associados Ltda, ao custo de R$ 464.393,42.
“Tivemos que contratar um novo estudo de tráfego de passageiros para tomar uma decisão correta em cima de dados corretos. Não foi possível [...] Apertei muito a minha equipe. Isso não é uma decisão que o governador toma, que ele acorda inspirado e resolve tomar essa decisão. Isso tem que ter um estudo técnico, tem que conversar com a Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana [...]".
Anunciando, entretanto, que deve se posicionar quanto ao destino do VT ainda no primeiro semestre de 2020.
"É uma solução complexa. Estamos trabalhando, estamos estudando o problema e quero o mais rapidamente possível tomar uma decisão. Seguramente no primeiro semestre do ano que vem teremos uma decisão sobre o VLT".
Queda de braço política
O modal vem sendo cobrado do governador democrata, por atores políticos que lhe fazem oposição, como o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro(MDB) e os deputados federal e estadual, respectivamente, o petebista Emanuelzinho Netto [filho do prefeito da capital] e Wilson Santos [ex-secretário de Cidades do governado Pedro Taques - ambos do PSDB].
O VLT deveria ser entregue na Copa de 2014, no Mundial de Futebol, que teve Cuiabá como uma das 12 sedes no país e já consumiu recursos superiores a R$ 1 bi, para realizar no máximo 20% do empreendimento. A obra foi financiada com recursos federais, tem dinheiro da Caixa Econômica Federal, por meio do FGTS, e está parada por conta da rescisão do contrato, mantida pela Justiça
Inicialmente orçado em R$ 1,477 bilhão, as obras até o momento não têm, ao menos, perspectiva de que possam ser retomadas após mais de 5 anos de sua paralisação. O projeto e a obra são ainda da gestão do ex-governador Silval Barbosa, que comprou vagões do VLT, que seguem inutilizados, em torno de R$ 500 milhões. No total, foram 40 comboios, cada um composto por sete vagões.
Já no governo do tucano Pedro Taques, o ex-gestor até chegou a ensaiar uma promessa de encontrar uma solução para o modal. Mas ao final de seu mandato, acabou batendo na tecla que seu governo foi inteiramente usado para consertar os erros da administração passada, como forma de avançar e que isso, definitivamente, não era fácil. Ainda, na época, Taques revelou que começar uma obra do zero era uma coisa e 'consertar uma coisa que começou errado seria outra'.
Estas constantes pontuações do ex-gestor tucano, jogando sempre suas dificuldades administrativas na crise econômica do país, ou no governo passado acabaram lhe conferindo a pecha de 'administrar, olhando sempre pelo retrovisor'.