O vereador Dilemário Alencar (Podemos), disse durante o grande expediente, na Câmara de Vereadores de Cuiabá nesta terça-feira (3), que vai pedir uma intervenção federal na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, diante de mais uma operação deflagrada por irregularidades nesta pasta.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Combate a Corrupção (Deccor), deflagrou na manhã desta terça-feira (03) a operação Chacal, com o objetivo investigar servidores fantasmas, contratados e recebendo salários e valores referentes ao prêmio saúde, destinado a função de médico junto ao Hospital Pronto Socorro de Cuiabá.
"Hoje temos mais uma operação na saúde de Cuiabá, não dá mais para ficar aguentando escândalos. Eu vou encaminhar um pedido ao Ministério da Saúde, pedindo uma intervenção federal na saúde de Cuiabá. Eu vou tomar essa atitude", desabafou.
Conforme a Polícia Civil, a investigação teve início em 2021 e constatou que servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, valendo-se de contratações diretas ocorridas no período da Pandemia de Covid -19, passaram a cadastrar no sistema interno de admissão da secretaria, “servidores fantasmas” como se estivessem exercendo as funções de médicos no HPMC. Sem que nenhum dos suspeitos sejam sequer formados em medicina. Nem tampouco possuam registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).
Até o momento, a Deccor já constatou que seis suspeitos recebem salários e valores referentes a prêmio saúde de maneira irregular, como se fossem médicos.
"A saúde está a beira de uma calamidade pública. Falta dipirona, falta médico [... ] e contrataram médico fantasma, colocaram no sistema de contratação da prefeitura médico quem não são médicos, é pra acabar com todas as magas de Cuiabá, isso que está acontecendo", completou Dilmário.
Série de escândalos
A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá já está na oitava gestão em apenas três anos. A pasta teve sete secretários exonerados por escândalos e operações envolvidos. Relembre.
A primeira foi ainda no mandato anterior do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), onde Elizeth Lúcia Araújo pediu para ser exonerada em março de 2018.
Dois meses depois, ela depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Medicamentos da Câmara de Cuiabá que encontrou um sistema fraudulento de compra de medicamentos, onde a empresa Norge Pharma faturava um item, mas entregava outros.
Com a crise, a então secretária pediu para deixar a pasta. Em seguida, Huark Douglas assumiu a vaga. O médico só ficou no cargo por nove meses. Em dezembro de 2018, foi exonerado após ser alvo da Operação Sangria e ser afastado do cargo.
O procurador de Cuiabá Luiz Antônio Possas de Carvalho foi nomeado para assumir o comando da Saúde em Cuiabá. Ele ficou quase dois anos na função, mas pediu exoneração após ser alvo da Operação Overpriced, que investigava a compra de remédios superfaturados durante a pandemia com dispensa de licitação.
Em outubro de 2020, Ozenira Félix foi nomeada secretária de Saúde de Cuiabá, no lugar de Antônio Possas, e ficou até junho de 2021. Conhecida pela sua seriedade, ela acabou optando em ficar longe das atividades, em cargos de confiança e saiu da gestão de Pinheiro.
No mesmo mês, Célio Rodrigues assumiu o comando da Saúde e teve a gestão mais curta, de um mês. Ele foi afastado do cargo após a Operação Curare ser deflagrada na capital.
A atual gestora é a secretária Suelen Danielen Alliend, que assumiu em agosto do ano passado. (Com informacoes da Polícia Civil e G1)