Quarta-feira, 08 de Maio de 2024

POLÍTICA Sexta-feira, 15 de Março de 2019, 09:34 - A | A

Sexta-feira, 15 de Março de 2019, 09h:34 - A | A

GUERRA DE ÁUDIOS

Kleber se diz desrespeitado e nega ser testemunha de extorsão

Ana Adélia Jácomo/ O Bom da Notícia

kleber lima

 

O jornalista Kleber Lima se pronunciou na noite desta quarta-feira (14) sobre um áudio enviado pela senadora Selma Arruda (PSL) à redação que foi utilizado como prova de um suposto crime de extorsão. A juíza aposentada entregou o arquivo à Polícia Federal. Na gravação de voz enviada pelo aplicativo WhatsApp, seu ex-marqueteiro de campanha aparece dando recado do deputado estadual Wilson Santos, propondo um acordo extra-judicial para pagamento de uma suposta dívida.

 

A cobrança se refere a um processo judicial movido pelo empresário e publicitário Luiz Gonzaga Rodrigues Júnior, mais conhecido como Júnior Brasa, proprietário da Genius At Work Produções Cinematográficas Ltda. Ele entrou na Justiça para receber R$ 1.160.731,82.  Ele diz, na ação, ter recebido R$ 1.030 milhão, mas que ainda restou a dívida, incluindo uma multa por rescisão de contrato.  

 

No áudio usado pela senadora como prova de extorsão, Kleber afirma que, por meio de Wilson, chegou-lhe a informação que o empresário aceitaria retirar o processo, mediante pagamento de R$ 600 mil. Selma, no entanto, utilizou essa mensagem de voz para tentar provar à Polícia Federal o suposto crime. De acordo com Kleber, a senadora o arrolou como testemunha sem ao menos ter o consultado. Ele disse que foi pego de surpresa, confirmou a veracidade do áudio mas negou que tenha praticado extorsão.

 

“Nada comprova a tese de extorsão. Ela produziu prova contra si mesma, porque o áudio é claro ao demonstrar que eu sou contra qualquer tentativa de composição dela com o Brasa naquele momento. Tanto que eu disse que a ação de cobrança que o Brasa move contra ela, não tinha importância naquele momento [o fato ocorreu durante a campanha eleitoral]. O Brasa move uma ação de mais de R$ 1 milhão e nós, naquela época, não estávamos preocupados de isso ter efeito na campanha, mas preocupados, sim, com a ação na Justiça Eleitoral que visava a cassação ela”, disse ele.

 

Ocorre que além dessa polêmica com a agência de publicidade, Selma está sendo investigada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), por suspeita de caixa 2, abuso de poder econômico e gastos de campanha fora do período eleitoral.  Ela é alvo de três ações na Justiça Eleitoral, sendo duas delas movidas pelo ex-vice governador Carlos Fávaro (PSD) e pelo advogado Sebastião Carlos (Rede), ambos concorreram ao Senado na última eleição em 2018.   

 

“Essa polêmica provocada pela Selma Arruda de me arrolar como testemunha de um suposto crime de extorsão que eu desconheço, que é fruto de uma conversa reserva, privada entre eu e ela, protegida pelo sigilo profissional, eu já expliquei ao delegado. Ela me expôs. Fui marqueteiro dela, e eu não imaginei que ela faria isso”. 

 

LIGAÇÃO DO DEPUTADO 

 

Wilson foi citado por Kleber como intermediador do recado enviado pelo empresário. O deputado afirmou após seu depoimento na Polícia Federal, ocorrido nesta quarta-feira (13) que não tinha conhecimento do fato. Em vídeo divulgado ele afirmou conhecer Júnior Brasa há muito tempo, já que foi seu professor no ensino médio, mas negou qualquer intermediação. 

 

“Tenho quase 40 anos de vida pública e nunca me deparei com uma situação dessa. Depus ontem e eu e Kleber Lima.  Nós, nunca da parte do empresário Junior Brasa, presenciamos nenhuma extorsão. Eu votei na senadora Selma. Trabalhei por ela, usei o nome dela em meus materiais até a retal fina. Foi uma surpresa. Ela deve está usando isso em sua defesa, mas não vai encontrar guarida. Não tenho a menor noção de onde ela tirou isso”, disse o tucano após deixar a PF. Leia AQUI. 

 

Sobre Wilson, Kleber declarou: “Ela expôs uma pessoa de bem, que o deputado Wilson Santos. Em nenhum momento o ele fez qualquer alusão à extorsão. Ele jamais compactuaria com um crime. Ele pode ter outros defeitos, mas esse não. Lamento que ela desrespeitou uma pessoa leal a ela, que fui eu. O áudio é autoexplicativo”, disse ele.

 

Kleber Lima é jornalista. Antes de ser contratado para a campanha eleitoral de Selma em 2018, respondeu pelo extinto Gabinete de Comunicação (Gcom), na gestão do ex-governador Pedro Taques  (PSDB). Kleber também foi secretário de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá, no mandato de Mauro Mendes (DEM) entre os anos 2012 a 2016.

 

Confira a íntegra do áudio utilizado por Kleber para se defender: