Domingo, 16 de Fevereiro de 2025

CIDADES Sexta-feira, 02 de Fevereiro de 2024, 12:53 - A | A

Sexta-feira, 02 de Fevereiro de 2024, 12h:53 - A | A

CAST DO BOM

Autoras do livro 'Cama de Gato' revelam como experiências e dores pautaram a construção da obra

Luciana Nunes/Marisa Batalha/O Bom da Notícia

Em entrevista ao Cast do Bom do site O Bom da Notícia esta semana, a jornalista e artista plástica Michelle Diehl e a historiadora Cristina Soares - autoras do livro 'Cama de Gato' -, contaram como nasceu a obra.

O livro foi pautado nas experiências e dores de Michelle, em especial, da reviravolta vivida pela jornalista quando perdeu o pai bem no meio da pandemia da Covid 19. Buscando nestes desabafos, em uma espécie de Diário de Bordo, revelar e ressignificar a própria vida. A começar aceitando a importância de viver o luto sem se culpar. Apontando, inclusive, os benefícios libertadores de passar por esse processo.

E, paralelamente, à construção do livro, sob o olhar minucioso e observador da professora, historiadora e doutoranda Cristina Soares, realizar igualmente uma imersão pelas artes plásticas.

“A arte metabolizou dores, traumas, coisas tão profundas que na terapia eu não iria conseguir ressignificar. Paralelamente, claro, à terapia, pois continuei com ela, eu fui me aprofundando em mim. E sou muito sincera, isso me salvou. Eu consegui usar a dor e materializá-la em arte. Em um livro onde consegui fazer uma conexão de forma genuína. E depois  de querer fugir do luto, deste não posso, que na época me brecou. Pois você tem que sentir o luto. Deu vontade de chorar tem que chorar, isso faz parte da vida”, disse.

“Eu tive outras perdas no meio do caminho além do meu pai, em 2022. [...] Quando você perde, quando a morte te confronta, você chega a conclusão do papel da morte, inclusive no viver. E essa transformação mexe com todas as estrutura”, disse.

Michelle conta que no período em que aceitou suas diferenças, sua bipolaridade, seu luto, foi quando conseguiu, de fato, dar um pontapé na construção do livro. “As dores, aceitar suas diferenças e aceitar o luto que é uma coisa particular, singular-, a gente aprende que ele é necessário, doloroso. E foi nesta imersão durante a pandemia que fiz os 10 capítulos do livro”, completou.

Para Cristina Soares, que nesta obra teve o papel de tornar mais clara as ideias e todos os processos vividos por Michelle, revela que seu papel, em especial, como amiga e parceira foi ajudar Michelle a não negar o luto, porque tentar pensar apenas nas coisas positivas pode fazer mal.

“Uma coisa que foi muito marcante e está claro na obra foi o luto da Michelle em relação ao pai. Pois ela tentava negar o luto e sempre positivar: com eu sou grata, eu sou grata eu sou grata. Mas isso deixou ela muito mal. No caso da Michele ela sentiu muito mais tempo esta situação, porque ela não é de se permitir o luto. Eu acho que quando a gente passa por esse processo, a gente tem que se permitir sentir a dor, chorar. Porque é alguém que você ama e você tem que se permitir a dor e não se sentir culpado pela dor daquela perda”, explicou.

As duas - Michelle e Cristina - há tempos e, com sucesso, apresentam no portal do O Bom da Notícia, o podcast Sementes. Agora, se aventuraram no mundo da literatura. E lançam o livro ‘Cama de Gato, no dia 22 de fevereiro, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

Michelle e Cristina já fizeram inúmeras exposições com o projeto Simbiose, aliás, responsável por alavancar e dar origem ao livro. A obra literária ainda tem a assinatura de Ariel Von Ocker, psicanalista e escritora, que contribui com poemas que introduzem os capítulos, enriquecendo a obra com uma dimensão poética. 

A publicação é descrita como um convite à reflexão e ao crescimento pessoal, propondo uma jornada introspectiva aos leitores. Assim, um mosaico de experiências, sentimentos e reflexões, tecendo um paralelo com a ecologia da simbiose, onde diferentes entidades se unem para um benefício mútuo.

O bate-papo com Michelle Diehl e Cristina Soares foi comandado por Marisa Batalha,  jornalista e editora-chefe do site O Bom da Notícia

Veja a entrevista completa