O livro "Diários de Fritz Tolksdorf: uma vida no Arinos" será lançado nesta quarta-feira. 11 de junho, às 18h30, no auditório do Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia (MUSEAR) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O evento é gratuito e aberto ao público. A obra é uma tradução inédita dos registros do alemão Fritz Tolksdorf, organizada pelos pesquisadores João Carlos Barrozo e Anna Maria Ribeiro F. Moreira da Costa, com tradução de Peter von Werden, SJ.
O livro reúne os diários escritos entre 1959 e 1962 por Tolksdorf, e oferece um retrato contundente da colonização no noroeste de Mato Grosso, onde o avanço de seringueiros e colonizadores atingiu diretamente territórios dos povos indígenas Rikbaktsa, Apiaká, Kaiabi e Tapayuna. A obra denuncia, com rigor documental e sensibilidade histórica, os impactos da colonização privada em uma região de ocupação milenar, marcada pela omissão do Estado e pela violência dos processos de apropriação territorial. “Nosso desejo, e era também o de Tolksdorf, é que as violências cometidas contra os povos indígenas sejam denunciadas, mesmo que ocorridas há mais de meio século”, contou a organizadora Anna Maria Ribeiro.
Durante a organização do material, chamou a atenção dos pesquisadores a omissão institucional do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) frente às invasões das terras indígenas, bem como a complexa convivência entre indígenas, colonos e seringueiros na mesma região. “Foi marcante a inoperância do SPI, cônscio do impacto violento que essas invasões estavam causando àqueles povos indígenas”, pontuou Anna Maria.
O conteúdo dos diários contribui para a compreensão histórica dos conflitos agrários na Amazônia e das violências sofridas pelos povos originários, como ela destacou: “Vidas foram ceifadas por armas de fogo, doenças infectocontagiosas e também por ataques aos corpos femininos indígenas.”
A organização da obra seguiu um processo rigoroso de edição, com a uniformização de nomes e toponímias, e a inserção de 38 caixas explicativas com indicações de estudos complementares. “Procuramos, na medida do possível, não interferir em demasia na versão traduzida do tradutor”, explicou a organizadora. A escolha do título também foi repensada pelos organizadores, que optaram por “Uma vida no Arinos” como forma de refletir com mais precisão o conteúdo da obra e a realidade vivida por Tolksdorf na região.
Acesso gratuito à versão digital
O livro "Diários de Fritz Tolksdorf: uma vida no Arinos" também está disponível gratuitamente em formato digital. Para acessar, basta escanear o QR Code presente no convite do evento ou visitar o site da editora: www.carliniecaniato.com.br. A iniciativa amplia o acesso à obra e contribui para a disseminação do conhecimento sobre a história e os impactos da colonização no noroeste de Mato Grosso.
Sobre os organizadores
Anna Maria Ribeiro F. M. da Costa é doutora em História pela UFPE, com pós-doutorado em Etnologia Indígena (PUC-SP). Atuou como pesquisadora da Funai por mais de três décadas e foi docente do Univag. É membro do Neru-UFMT e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.
João Carlos Barrozo é sociólogo, doutor em Sociologia pela Unesp, e professor voluntário da UFMT. É fundador e atual coordenador do Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos (Neru-UFMT) e atua como pesquisador e orientador no Programa de Pós-graduação em História (PPGHis). Possui longa trajetória como educador no ensino fundamental, médio e superior.
Serviço
Lançamento do livro "Diários de Fritz Tolksdorf: uma vida no Arinos"
• Data: 11 de junho (quarta-feira)
• Horário: 18h30
• Local: Auditório do Museu Rondon de Etnologia e Arqueologia (MUSEAR), UFMT
• Organização: João Carlos Barrozo e Anna Maria Ribeiro F. M. da Costa
• Tradução: Peter von Werden, SJ
- Acesso digital gratuito: https://tantatinta.com.br/uma-
vida-no-arinos-diarios-de- fritz-tolksdorf/