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O BOM DA VIDA Domingo, 18 de Abril de 2021, 15:14 - A | A

Domingo, 18 de Abril de 2021, 15h:14 - A | A

'FILHOTE DESSE LUGAR'

Documentário dedicado a Vera Capilé reúne artistas da cultura mato-grossense

O Bom da Notícia

O lado materno de Vera Capilé, a filha Juliana conhece muito bem. Mas ao assumir a direção do documentário em homenagem à cantora e compositora, conheceu a Vera como os outros a enxergam. Ouviu atentamente aos relatos de amigos, parceiros artísticos e até entrevistados que não estavam previstos no roteiro e se sentiram motivados a participar.

“Esse lado de mãe eu já conhecia, claro. Mas foi muito emocionante ouvir o que as pessoas têm a dizer sobre ela, o quanto ela é amada, como se tornou referência para outros artistas e de como os amigos têm tanto apreço por uma pessoa que consideram generosa e solidária”, diz orgulhosa.

Vera Capilé, nascida em Dourados, Mato Grosso do Sul e que comemora 60 anos de carreira neste ano, tem um carisma peculiar. E seu dom artístico é sempre ressaltado. Ela começou a cantar ainda menina e com seu talento, conquistou lugar especial entre os notáveis da cultura mato-grossense.

Para homenageá-la, a produtora cultural Tatiana Horevicht inscreveu projeto no edital Mestres da Cultura, idealizado pela Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer (Secel-MT). O documentário dirigido por Juliana Capilé, “interage” com outros dois produtos: um livro, organizado pelo historiador Luiz Gustavo Lima e uma coletânea em CD, com clássicos da carreira.

“É uma honra fazer um filme sobre minha mãe”, reforça Juliana. Ela conta que o documentário - chamado "Filhote desse lugar" - está recheado de contribuições especiais, de amigos que se tornaram parceiros musicais e vice-versa. Entre os quais, estão Habel Dy Anjos, Dona Domingas, Deize Águena, Vitória Basaia, Júlio César Carvalho, Glória Albues, Ivens Scaff, Lúcia Palma e Jaime Okamura.

“Dois depoimentos extras vieram justamente da nossa equipe de filmagem. Nosso diretor de fotografia, Duflair Barradas, e o eletricista Luciano Marquis, não se contiveram. Foram inundados pela emoção. Duflair contou que a arte da minha mãe é que o conectou com o conceito de regionalidade, que tanto ouvia falar. Quando ele a viu cantando pela primeira vez, foi que ele entendeu a singularidade de nossa cultura”, exemplifica.

A conversa reservada a Vera foi deixada para o último dia de filmagem, no quintal da casa dela, que mora em uma chácara, rodeada de verde. Ela estava bastante à vontade, com os pés no chão e o violão a tiracolo.

“A gente já tinha ouvido um monte de histórias sobre ela, essas várias visões que as pessoas tinham nos mostrado. E quando a gente viu aquela pessoa despojada, desapegada de qualquer vaidade, a gente entendeu ainda mais de onde vem tanto carinho e admiração por esta mulher”.

Juliana destaca ainda o relato do companheiro de Vera, professor Waldir Bertúlio. “Lógico, além de elogiá-la muito, ele trouxe uma visão dessa música de raiz, de como essa cultura original a toca tanto e de como isso é forte na música, na carreira dela”.

Juliana destaca ainda o clima aprazível do set de gravações. “Foi mágico trabalhar com Duflair, parceiro de outras tantas produções, Luciano, Robson, Rose, João e Miyagi, que nos deixou precocemente... Tatiana é outra pessoa incrível, como ela é gigante no que faz. Além de atuar na produção executiva, buscou conhecimento para auxiliar também na assistência de direção. Enfim, as pessoas traziam coisas boas e saíam de lá energizadas pela união da equipe e inspirados por Vera”.

O projeto que homenageia Vera Capilé como mestra, foi contemplado no edital Mestres da Cultura, da Lei Aldir Blanc, realizado pelo Governo de Mato Grosso via Secel-MT, em parceria com o Governo Federal via Secretaria Nacional de Cultura, do Ministério do Turismo. O lançamento do documentário, assim como dos outros dois produtos, está previsto para abril.