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O BOM DA VIDA Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2020, 11:14 - A | A

Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2020, 11h:14 - A | A

SIMBOLISMOS

Natal: uma comemoração ao nascimento de Cristo com significados e datas distintas nas religiões

Rafael Martins / O Bom da Notícia

Pinheiros enfeitados e coloridos, luzes piscando, diversos presentes, ceia e o famoso Papai Noel. Isto é Natal.

Um ritual de fé, simbolismo e tradições que há séculos faz parte da celebração do nascimento de Jesus Cristo, o filho de Deus, comemorado no dia 25 de dezembro. A data que traz reflexão é considerada uma das mais importantes do ano, contudo, sua comemoração não ocorre da mesma forma em todas as casas e religiões. 

A palavra Natal significa nascimento. No caso do cristianismo, mais especificamente “o nascimento de Jesus Cristo”, considerado “o presente de Deus para o mundo”. Para os cristãos, Jesus é o protagonista do Natal, todas as festividades giram em torno de sua pessoa, seu nascimento é comemorado em todos os contextos da cristandade.

Na tradição católica, padre Deusdedit Monge de Almeida, vigário-geral e cura da Catedral-Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, explica que o nascimento de Cristo é visto também como momento de praticar solidariedade Assim, templos católicos terão tradicionais missas da noite de 24 e outros rituais igualmente importantes ao longo do dia seguinte. Mostrando a tradição que perpassa o tempo e há séculos inserida no calendário da Igreja, principalmente a celebração da Santa Missa, onde Jesus continua se fazendo carne na eucaristia.

Segundo ele, o Natal é o momento não apenas de comemorar o nascimento, mas também de se doar em busca da solidariedade com o próximo e com aqueles que sofrem. “Na pessoa de Jesus, o amor se fez carne e veio morar no meio de nós. O Natal nos traz a mensagem de que o amor é real e fomos criados para amar”.

Para os protestantes, conhecidos também como evangélicos, o pastor presidente da Primeira Igreja Batista de Cuiabá, José Júnior, explica que também se comemora o nascimento de Cristo de um modo único e especial, mostrando que “tudo é possível para Deus”. Ele lembra que a frase está registrada na narrativa do nascimento de Jesus, em Lucas 1: 37, e foi uma resposta do Anjo Gabriel à pergunta da virgem Maria, assustada com o anúncio do anjo, de que seria a mãe do Salvador do Mundo. Assim, o Natal é a mensagem de que Deus não está limitado a lógica e circunstâncias humanas. “Portanto, nesse novo normal, que tenhamos também um ‘Novo Natal’, criativo, seguro e cheio de ‘pazdemia’ no lugar da pandemia”.

Espíritas repensam atitudes na época

Seguindo a mesma linha de significados e o calendário cristão, para os espíritas o Natal é uma grande oportunidade de refletir e repensar atitudes, lembrandose do homenageado da data, que é Jesus, e seus exemplos transformadores.

Vice-presidente da Associação Espírita Wantuil de Freitas, Cley Roberto Fernandes da Silva, lembra que ao longo do tempo o consumismo excessivo tem predominado, fazendo com que muitos se esqueçam de seu verdadeiro sentido, que nada tem a ver com Papai Noel, árvores de natal e tantas outras simbologias. Apesar de não comemorar a data, o budismo se integra à festa.

O budista João Garcia Caramori destaca que é evidente a necessidade desta interação, já que é uma tradição a reunião das famílias durante o Natal. “Em respeito as outras religiões, há o desejo do feliz natal aos não praticantes, assim como a comemoração”, salienta.

A data também não é comemorada pelos muçulmanos. Limia Ali frisa que o Natal é uma festa religiosa e diferente das tradições muçulmanas. Nesta religião, há apenas duas festas por ano, uma delas é o Al Moulid, nascimento de Maomé. Judeus comemoram a festa de Chanuká, mais conhecida no meio judaico como “Festa das Luzes”, que geralmente ocorre na segunda metade de dezembro.

A data coincide com o início do inverno no hemisfério Norte, comemoram-se os eventos ocorridos na Terra Santa, na época do segundo Templo. Apesar de o período de celebrações, que representam vitória dos israelitas em meio às perseguições, coincidirem com o mês em que se comemora o Natal dos cristãos, e ainda ter algumas semelhanças em elementos e costumes, as cerimônias têm contextos completamente diferentes.

“Nós judeus messiânicos acreditamos que Jesus (Yeroshua/ Yeshua) é a salvação predita pelos profetas como a testemunha fiel do Pai. Porém, não celebramos o Natal pelo simples fato de que esta festa não se encaixa dentro do contexto bíblico. O dia 25 de dezembro era dedicado ao deus sol, portanto, tem origem pagã”, destaca Vicente Barbosa de Sousa Júnior, presidente da Comunidade Judaica em Cuiabá.