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POLÍTICA Quinta-feira, 25 de Julho de 2024, 12:58 - A | A

Quinta-feira, 25 de Julho de 2024, 12h:58 - A | A

MORTE PLANEJADA

'A gente tem resposta de quem fez, mas não muda o que foi feito', diz Cattani sobre morte da filha

Marisa Batalha/O Bom da Noticia

(Foto: Ilustração/Web)

CATTANI - RAQUEL CATTANI - MORTA-.png

 

Nesta quinta-feira(25), à Radio Cultura FM, de Cuiabá, o deputado estadual Gilberto Cattani(PL) voltou a parabenizar as Forças de Segurança do Estado por elucidar de forma rápida o crime contra a filha, Raquel Mazeiro Cattani, de 26 anos. Assassinada com 34 facadas dentro da chácara da família, no Pontal do Marape, cerca de 150 km de Nova Mutum, na quinta-feira(18).

Raquel foi morta por Rodrigo Xavier, irmão do seu ex-marido da empresária, Romero Xavier que - de acordo com as investigações policiais -, teria planejado o assassinato, por não aceitar o fim do casamento. A produtora rural teria, inclusive, dito à uma amiga, em 15 de julho que o marido lhe ameaçou dizendo que 'se ela não ficasse com ele, não ficaria mais ninguém'. Quatro dias após as ameaças, Raquel foi cruelmente assassinada pelo irmão do marido.

Igualmente, foi relatado à polícia, que a empresária temendo pela própria vida, guardava uma faca dentro de uma gaveta, em sua casa, no sítio. Raquel já havia anunciado à familiares e amigos que pretendia instalar câmeras de segurança ao redor da propriedade onde morava, mas foi assassinada antes de providenciar a vigilância.

A jovem foi encontrada pelo deputado Gilberto Cattani na manhã da última sexta-feira, 19 de julho. "Tivemos uma resposta a essa atrocidade, colocando atrás das grades estes monstros. Não vou dizer que conforta, porque nada pode confortar a gente nesse momento. Mas ajuda a gente ter um pouquinho mais de esperança nas nossas forças de segurança, que são excepcionais, que agiram de uma forma magnífica".

Emocionado, o deputado ainda revelou que mesmo um pouco mais reconfortado com a eficácia das investigações e da colocação do assassino e do mandante da morte da filha, na cadeia, isto 'infelizmente, não mudaria o que foi feito'

"A gente tem a resposta de quem fez, mas não vai mudar o que foi feito infelizmente [...] Na verdade a gente sempre teve um pé atrás porque a polícia não descartou o envolvimento dele, apenas preliminarmente aceitou seu depoimento, porque ele tinha um álibi forte, pois provou que não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. E a gente precisou fazer aquilo que precisava ser feito, justamente, para chegar no resultado que chegou. E nós tínhamos que mantê-lo por perto, se não nem teríamos o resultado que tivemos".

Cattani ainda revelou que ele e a esposa vão pedir na Justiça a guarda dos dois filhos de Raquel, um de seis e outra de três. "Nós vamos pedir a guarda dos dois. Vamos cuidar deles com todo carinho [...] São nossos amores maiores. Vamos dar todo todo apoio, tudo que for necessário para cuidar deles, como cuidamos, inclusive, da própria Raquel".

(Foto: Ilustração/Web)

CATTANI - INSTA - FILHA MORTA.png

 

Mais cedo Cattani já havia agradecido a amigos e, em especial, em postagem no Instagram, à polícia, pela elucidação do crime "de forma rápida". "Em nome da minha família parabenizo as Forças de Segurança do Estado de Mato Grosso por elucidar por de forma rápida o crime contra nossa filha Raquel Mazeiro Cattani e por nos trazer, mesmo que neste momento difícil, um pouco de consolo", escreveu ele.

Desvendando o crime

A morte da produtora rural Raquel Cattani foi desvendado nesta quarta-feira,24 de julho, pela Polícia Civil de Mato Grosso. Segundo os investigadores, foram encontrados rastros deixados pelos suspeitos e indícios de que a cena do crime teria sido montada para simular a ocorrência de um latrocínio (roubo seguido de morte).

Raquel foi encontrada morta com múltiplos ferimentos por arma branca no corpo. Ao chegarem no local do crime, os investigadores notaram que a janela do quarto dos filhos da vítima havia sido arrombada. Diante dessa evidência, foi uma solicitada uma perícia para a extração de eventuais impressões digitais deixadas por suspeitos.

Outro aspecto que chamou a atenção dos investigadores foi a presença de um televisor marcado por pegadas que teria sido deixado propositalmente do lado de fora da casa pelos executores. A partir desse momento, a Polícia Civil passou a trabalhar com a hipótese de que a cena teria sido armada com para parecer um crime patrimonial.

As suspeitas, então, recaíram sobre o ex-marido de Raquel, Romero Xavier, que mantinha comportamento possessivo e não aceitava o término da relação com a vítima. Tese constatada por uma testemunha, próxima da vítima, que relatou ameaças do ex-companheiro à empresária

Os investigadores também descobriram que o irmão de Romero, Rodrigo Xavier, tinha diversas passagens por furtos e outros crimes, além de ter sido usuário de entorpecentes no passado.

Em uma ação policial cumprida nesta última quarta-feira na casa de Rodrigo, as equipes observaram um frasco de perfume feminino, em cima de uma bancada, que teria sido levado da casa de Raquel também para encenar um latrocínio. Na casa foram também foram encontrados um aparelho de som, um cinto, um porta-celular e uma faca, todos os objetos pertencentes à vítima.

Ao ser questionado pelas autoridades, Rodrigo confessou ter cometido o homicídio a mando do irmão e disse ter sido orientado a levar os objetos para embaraçar as investigações. No local, os policiais também verificaram que a bota que ele utilizava naquele momento possuía semelhança com a pegada encontrada na televisão na casa da vítima.

Romero chegou a prestar depoimento para a Polícia Civil durante a fase inicial da investigação, mas foi descartado como suspeita principal na época. Nesta quarta-feira, após a conclusão do inquérito, ele também foi preso em flagrante por homicídio qualificado.

Trabalho policial

De acordo com as investigações policiais, o ex-marido ainda tinha as chaves da casa de Raquel Cattani. E que Romero Xavier compareceu ao velório da ex-mulher e chorou na cerimônia, mesmo tendo planejado o crime e seu irmão executado.

Após escutar centenas de pessoas ficou constatado que Romero levou o irmão no próprio carro para a região do Pontal do Marape, em Nova Mutum. E o deixou escondido nas proximidades do sítio de propriedade de Raquel Cattani.

Ao longo do dia do crime, Romero almoçou com o ex-sogro, o deputado estadual Gilberto Cattani. Inclusive, chorou na frente dos familiares da vítima. Após almoçar, levou os filhos do casal para Tapurah, a fim de criar o álibi e afastá-los do crime planejado.

Durante a tarde do dia 18 de julho, ele chamou algumas pessoas com quem nem tinha muita convivência para beber e assar carne. No período da noite, foi a três boates em Tapurah para reforçar o álibi de que estaria da cidade e, assim, não seria considerado o principal suspeito.

Já o irmão, Rodrigo, executor do crime, neste meio tempo ficou à espreita da vítima até ela chegar ao sítio. Romero sabia da rotina de Raquel e, de forma planejada, havia retirado o casal de filhos da residência anteriormente.

Ao chegar no sítio por volta de 20 horas da quinta-feira, a vítima foi atacada com uma faca e foi a óbito no local. Em seguida, Rodrigo subtraiu alguns objetos da casa, quebrou a televisão na parte de fora e levou a moto da vítima com o destino a Lucas do Rio Verde.

O executor do crime jogou a motocicleta, o celular e a faca do crime em um rio da região. A Polícia Civil já solicitou ao Corpo de Bombeiros para realizar buscas no local.

Na noite desta última quarta-feira (24), Romero e o irmão, Rodrigo Xavier foram presos pelo crime. Ainda nesta quarta-feira, uma equipe policial coordenada pelo delegado Edmundo Félix seguiu até o assentamento Pontal do Marape para conduzir o autor intelectual do homicídio e levá-lo até a delegacia de Nova Mutum.