O caso do vereador e médico Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa (PL), de Canarana (a 635 km de Cuiabá), que foi preso sob acusação de abuso sexual infantil, continua gerando repercussão no cenário político e jurídico de Mato Grosso. Bitencourt, de 40 anos, é suspeito de manter uma menor como "escrava sexual" e de usá-la para abusar sexualmente de uma criança de apenas dois anos.
Em uma resposta rápida às graves acusações, o Partido Liberal (PL) de Canarana e o diretório estadual anunciaram a expulsão imediata de Thiago Bitencourt da legenda. A decisão foi comunicada nesta segunda-feira (2), um dia após a prisão do vereador.
A presidente do PL em Canarana, Cláudia Gervazoni, e o presidente estadual, Ananias Filho, foram enfáticos em suas declarações. "Não vamos passar pano, não importa quem seja. Nosso lado é o da ética, do respeito e da responsabilidade com Canarana e sua população", afirmaram em nota conjunta.
Cláudia Gervazoni, visivelmente indignada, também gravou um vídeo reforçando a posição do partido. "Falo como mulher, como mãe e como pediatra. Meu repúdio é total. Assim que soubemos, conversei com o presidente estadual e imediatamente iniciamos o processo de expulsão. É o mínimo a ser feito diante de algo tão repugnante", declarou.
A vereadora e primeira-dama de Cuiabá, Samantha Iris (PL), também se manifestou, cobrando a expulsão e a pena máxima para o vereador. "Continuo defendendo que este tipo de crime tenha pena máxima! Meu total repúdio a isso", disse. Ela defendeu que as punições não se restrinjam apenas à política, mas que o vereador seja "retirado da sociedade".
Diante da gravidade do caso, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (UB), veio a público para esclarecer os critérios de inclusão de nomes nos cadastros estaduais de pedófilos e de condenados por crimes de violência contra a mulher. Mendes enfatizou que a inclusão só ocorrerá após uma condenação definitiva pela Justiça, ou seja, com trânsito em julgado e sem possibilidade de recurso.
"Não é aparecer uma notícia ou ser feita uma operação em cima que o nome vai para o cadastro", afirmou o governador, destacando que a regra é clara e estabelecida por lei, validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Os cadastros incluirão informações como nome completo, CPF, data de nascimento, tipo de crime, data da condenação e o órgão julgador. As informações das vítimas permanecerão protegidas por sigilo. A criação desse banco de dados surgiu de uma proposta da senadora Margareth Buzetti.
Entenda o caso
Thiago Bitencourt foi preso no dia 31 de maio, em uma operação da Polícia Civil que investiga os crimes de abuso e exploração sexual infantil. Durante as buscas na casa e no consultório do vereador, a polícia encontrou diversos objetos sexuais, além de brinquedos e roupas infantis, mesmo ele não tendo filhos.
As investigações indicam que o vereador se aproveitava de seu cargo público e da função de médico para se aproximar de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Além das sanções criminais e da expulsão partidária, Thiago Bitencourt também responde a uma sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), que apura possíveis infrações éticas no exercício da profissão. Ele permanece preso e deve enfrentar processos administrativos e éticos, além das punições criminais.