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SAÚDE & BEM ESTAR Terça-feira, 06 de Novembro de 2018, 06:00 - A | A

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ALIMENTAÇÃO

Maca peruana: quais os benefícios e como usar

A maca, raiz nativa do Peru, chegou por aqui prometendo muitas vantagens. Saiba para que ela serve e veja como tirar proveito de seu pó

Giovana Feix/ Saúde Abril

Em 2014, uma reportagem do respeitado jornal americano The New York Times revelou que chineses estavam contrabandeando um produto muito valioso do Peru. Não se tratava de ouro nem de pedras preciosas. O tesouro que gerou a tensão toda era um… alimento. Batizada de maca, a raiz tem ligação tão estreita com a cultura e com o orgulho do povo andino que uma lei nacional proíbe, pelo menos em teoria, que ela seja processada fora do seu território.

 

Hoje, no entanto, a planta é massivamente cultivada na China, onde faz enorme sucesso. Mas no mundo todo, incluindo o Brasil, há um certo frenesi em torno dela – fenômeno curioso, visto que a maca é cultivada no Peru desde antes mesmo de os incas formarem seu império. O pontapé inicial da popularização do alimento provavelmente tem a ver com uma característica alardeada há tempos: seu poder de aumentar a libido e a fertilidade.

 

Reza a lenda que, com o intuito de garantir energia ao seu exército, um imperador inca botou a maca na dieta de seus soldados. Mas ele não demorou a se arrepender. Apesar das vitórias conquistadas, parece que o desejo sexual dos homens ficou meio, digamos, fora de controle. Por essa e outras histórias, a raiz chegou a receber o apelido de “Viagra dos Incas”.

 

Para a ciência, porém, tais trunfos ainda não são tão cristalinos quanto a tradição sugere. Ainda assim, segundo uma revisão de estudos da Universidade College London, na Inglaterra, o alimento promete. O que se pode dizer, por ora, é que, nos homens, a maca protege contra fatores nocivos à fertilidade e, nas mulheres, aumenta as chances de uma gravidez vingar.

 

Nesse mesmo pente-fino, os ingleses notaram que o vegetal realmente ajuda na hora do rala e rola: homens com disfunções sexuais obtiveram vantagens ao comer a raiz. Para as mulheres na menopausa, período marcado por prejuízos na libido, a planta também animaria os momentos sob o lençol.

 

Não à toa, quando descobriu a maca, o pesquisador brasileiro Paulo Março se impressionou com seu currículo – e fez de tudo para achá-la in natura. Mas ele não a encontrou nesse formato. Como a raiz deve ser processada apenas no Peru, só vem para o Brasil em pó. Março, que é professor de engenharia de alimentos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), queria analisar os nutrientes e as propriedades do vegetal em si. Ficou a ver navios…

 

Situações como essa fazem com que especialistas daqui tenham o pé atrás em afirmar 100% que os benefícios observados nas pesquisas sejam válidos em qualquer circunstância. Afinal, é preciso ter certeza, por exemplo, de que a raiz processada é tão poderosa quanto o tubérculo ao natural. Mas pesquisas já insinuam que, a despeito da apresentação, a maca traz ganhos para o corpo.

 

“Por tudo que já se sabe sobre sua influência na função hormonal, é um alimento que merece destaque”, elogia a nutricionista clínica Gabriela Soares Maia, do Rio de Janeiro. Em resumo, a raiz auxiliaria no equilíbrio entre hormônios importantes, como testosterona, estrogênio e progesterona. Tanto é que há enorme interesse em relação aos efeitos da maca na fase da menopausa, quando os níveis de estrogênio despencam.

 

Parece, contudo, que as vantagens do vegetal andino nesse período não têm a ver obrigatoriamente com os hormônios. Recentemente, cientistas da Universidade Victoria, na Austrália, testaram a raiz em 29 chinesas na pós-menopausa. Verificaram que consumir 3,3 gramas do ingrediente por dia não promoveu mudanças hormonais importantes. Porém, as voluntárias apresentaram redução nos sintomas de depressão e melhoras nos níveis de pressão arterial.

Não é a primeira vez que o pessoal dessa instituição avalia o impacto da raiz nesse público. Em 2008, constatou-se por lá que o alimento diminuiu problemas como ansiedade e, de novo, sinais depressivos em 14 mulheres na pós-menopausa.