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POLÍTICA Segunda-feira, 01 de Julho de 2019, 17:46 - A | A

Segunda-feira, 01 de Julho de 2019, 17h:46 - A | A

TROCA DE FARPAS

Emanuel volta a cobrar governador; “não fazer o VLT é um retrocesso inaceitável”

Ana Adélia Jácomo

Foto: Prefeitura de Cuiabá

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O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) voltou a bater de frente com o governador Mauro Mendes (DEM) nesta segunda-feira (1). Os dois têm se estranhado por conta da possível retomada do VLT, que deve ter seu futuro anunciado na próxima semana, após 30 dias de estudos realizados pelo Governo do Estado.

 

Pinheiro classificou a crítica do governador sobre a revitalização dos canteiros centrais das principais vias da capital, como “blá, blá, blá”, e disse que a não retomada da obra seria um “retrocesso inaceitável”. 

 

“A decisão de não fazer o VLT é um retrocesso inaceitável, e a prefeitura tem que ser ouvida. Não é questão de querer, ou não querer. Existe um decreto. Cuiabá tem prefeito e normas e elas serão cumpridas. Não vai entrar aqui e fazer o que quiser, não, que é por causa disso que ficou do jeito que ficou”. 

 

Já o chefe do Executivo estadual também não tem minimizado as críticas ao gestor de Cuiabá. No final da semana passada, em conversa com jornalistas no Palácio Paiaguás, questionou o fato de o prefeito cobrar o cumprimento de um decreto municipal, que não permite obras em Cuiabá sem sua anuência, mas ter “entupido o buraco das obras do VLT”.

  

A decisão de não fazer o VLT é um retrocesso inaceitável, e a prefeitura tem que ser ouvida; não é questão de querer, ou não querer. Existe um decreto. Cuiabá tem prefeito e normas e elas serão cumpridas. Não vai entrar aqui e fazer o que quiser, garante o prefeito

Mendes se referiu à revitalização dos canteiros de obras do VLT em Cuiabá, localizados nas avenidas Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA) e Tenente Coronel Duarte (Prainha). 

 

Emanuel, por sua vez, afirmou que os canteiros foram refeitos com materiais removíveis, que podem ser plantados em parques da cidade, caso o VLT volte a ser implantado.

 

“É blá, blá, blá (...) Só não posso, como prefeito, ficar com aquela imagem de terra de ninguém, estourada, com uma cicatriz profunda nos principais corredores da cidade. Isso não posso aceita. Mas se o governador retomar as obras do modal, retiramos imediatamente os canteiros. O importante, no entanto, é responder se terá ou não o VLT”. 

 

A rixa entre os dois tem tido desdobramentos quase que diários. Mendes chegou a enviar um recado velado ao gestor, ao relembrar que ele, enquanto deputado estadual, fez parte da Comissão de Infraestrutura Urbana e Transporte da Assembleia Legislativa e realizou diversas vistorias na obras de mobilidade urbana e do VLT; obras que faziam parte do Mundial do Futebol em Cuiabá. 

 

“Eu estou sendo coerente com a minha história. Sempre fui a favor e defendo o VLT como uma transformação do desenvolvimento urbano da capital. O gestor enfrenta desafios mesmo, como eu enfrentei e enfrento. Não tem que ficar olhando para trás e reclamando. Eu fui eleito para resolver os problemas da população”, disse Emanuel. 

 

O prefeito chegou a aconselhar o governador a buscar ajuda das prefeituras de Cuiabá, Várzea Grande, bem como da bancada federal, Assembleia Legislativa e Governo Federal. 

 

“Agora cabe ao governador solucionar o problema dele com apoio político”. 

 

PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA 

 

Mendes não descartou a possibilidade de o Estado firmar uma Parceria Público-Privada e deixou claro que os cofres públicos não dispõe de R$ 1 bilhão, valor que seria necessário para terminar a implantação do modal. 

 

Apesar das articulações, o governador não parece esperançoso de que vá conseguir tirar do papel a obra paralisada há seis anos, que consumiu R$ 1,6 bilhão dos cofres públicos.

 

Durante coletiva no Palácio Paiaguás, na semana passada, ele afirmou que há outras ações judiciais em andamento, que impedem tomadas de decisão por parte do Estado. 

 

LEGADO DA COPA   

 

Uma das principais consequências negativas que a Copa do Mundo de 2014 trouxe para Cuiabá e Várzea Grande se deu pela escolha do VLT como modal de transporte.

Foto: Jean Jazz

vlt

Vagões estão abandonados e consomem cerca de R$ 1,2 milhões por mês em manutenção

O veículo até hoje não foi implantado, e “rasgou” as cidades para colocação dos trilhos, que atualmente estão abandonados.  A Avenida da FEB ainda permanece com o canteiro em toda sua extensão completamente destruídos, com pontos de obras inacabadas e diversos blocos de concreto que permaneceram abandonadas por conta do VLT.      

 

Ocorre que o VLT estava envolto em um imbróglio judicial desde que o então governador Pedro Taques (PSDB) decidiu romper o contrato após a Polícia Federal deflagrar operação Descarrilho que apurou pagamento de propina e possíveis fraudes no contrato do modal.   

 

Segundo a PF, durante a investigação foram colhidos elementos de prova pelo Ministério Público Federal e pela Polícia que apontam indícios de acertos de propina com representantes de empresas integrantes do Consórcio VLT, bem como desvio de recursos por intermédio de empresas subcontratadas pelo consórcio.