Mais um caso de assassinato em escolas nos chega a partir dos veículos de comunicação, as cenas que mostram a professora, de 71 anos sendo esfaqueada por um aluno em São Paulo são fortes e mostram o desfecho de uma situação crítica que estamos vivenciando nos contextos educacionais há anos.
Este infelizmente não é o primeiro e muito provavelmente não será o último caso de violência contra professores, alunos e equipe pedagógica. De acordo com dados do Instituto Sou da Paz, nos últimos 20 anos o Brasil registrou ao menos 12 ataques com armas de fogo em escolas, já um levantamento de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aponta que neste mesmo período foram ao menos 23 ataques violentos.
Muitas vezes acreditamos que os casos de violências e ameaças aconteçam apenas nos grandes centros urbanos, como é o caso de São Paulo ou Rio de Janeiro, porém, em Cuiabá tivemos recentemente casos de ameaças de massacre em uma escola particular, o caso ganhou repercussão na mídia e alguns debates sobre o problema chegaram a ser levantados.
Os ataques são realizados na maioria dos casos por alunos(as) ou ex-alunos(as) das unidades escolares e nos traz diversos pontos de reflexão, a começar pelos registros que certamente não correspondem à realidade das nossas instituições de ensino. Todos os dias professores e equipe pedagógica, que incluem também diretores, coordenadores, agentes de pátio, entre outros profissionais vivenciam ao menos uma situação de violência, seja ela física ou verbal.
De um lado temos a equipe pedagógica, muitas vezes sobrecarregada de trabalho e fragilizada emocionalmente devido ao alto índice de cobranças e responsabilidades que cada função irá exigir, do outro alunos(as) que podem estar passando por diferentes problemas, que muitas vezes intensifica sofrimentos com os quais não conseguem lidar.
A violência nos ambientes educacionais refletem não apenas comportamentos, mas, a falta de suporte em relação a saúde mental de profissionais e alunos(as). Cabe destacar que existem diferentes tipos de violências e as agressões físicas são apenas mais uma delas. Em diferentes contextos educacionais vemos equipes pedagógicas passando por situações de desrespeito por parte dos(as) alunos(as) e em algumas situações também por seus familiares.
Trabalhar no contexto educacional, independentemente de serem públicas ou privadas tem se tornado um desafio, principalmente no que se refere a saúde mental desses profissionais que muitas vezes lidam com constantes pressões, com alunos(as) com comportamentos agressivos e desrespeitosos, com dificuldade em lidar com frustrações, regras e hierarquias institucionais.
O ponto que gostaríamos de refletir nesses breves parágrafos é a necessidade de suporte emocional nos contextos educacionais, um trabalho que deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar com profissionais capacitados para analisar e propor intervenções que correspondam a realidade das unidades de forma contextualizada.
Acreditamos que muitas situações de violências poderiam ser evitadas caso tivéssemos suporte profissional e especializado. Falar em violências no contexto educacional é falar de saúde mental. Precisamos buscar a promoção e prevenção do adoecimento psíquico que terá para além de sintomas que correspondem a diferentes transtornos como: Ansiedade e Depressão cenas de violências psicológicas e físicas.
Embora alguns profissionais e alunos(as) façam acompanhamento psicológico e em alguns casos psiquiátricos de forma individual, podem não ser suficientes para amenizar os problemas decorrentes da rotina no contexto educacional. O acompanhamento psicológico é uma ferramenta importante para dar suporte emocional as equipes pedagógicas e comunidade nos contextos educacionais.
Andreia de Fátima de Souza Dembiski é Psicóloga Clínica