Alunos do último semestre de odontologia da Universidade de Cuiabá (Unic), vem relatando descaso por parte da instituição com relação à vacinação para os estudantes que estão à frente dos atendimentos na clínica odontológica, pois até o momento não conseguiram vacinar.
Para os estudantes, a Unic alega que desde o início dos atendimentos, estão fazendo todo o possível para fornecer o direito à vacinação, contudo, há uma grande dificuldade para o cadastro da faculdade em Cuiabá.
Em conversa com O Bom da Notícia, as estudantes Paula e Júlia (nomes fictícios), relatam que desde março os estudantes estão lutando e pedindo para que sejam vacinados, uma vez que, assim como os profissionais da saúde, ele estão à frente dos atendimentos, correndo todos os riscos de contaminação.
Soube-se, inclusive, que em reuniões internas, a instituição tem dito que os estudantes não serão vacinados porque ainda não são profissionais. “Superiores pontuam que não somos profissionais da saúde por não termos o registro no Conselho Regional e, por isso, não iríamos conseguir vacinar", disse.
Até o momento, somentem os professores foram vacinados. Alunos e funcionários da clínica, incluindo, recepcionistas continuam expostos ao vírus da covid-19, lutando por seu direito. Diferentemente do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), que fechou convênio e vacinou os alunos de vários cursos da área de saúde que atendem à comunidade.
Frente ao descaso da instituição, Paula relata que os alunos se sentem impotentes, revoltados e, principalmente, temerosos de retaliações da instituição que já ameaçou processar qualquer estudante que insista em publicar o ocorrido nas redes sociais.
“Sabemos que temos direito à vacinação, mas estão negligenciando isso, ignoram quando pedimos por algo que é nosso direito e eles ainda acham que tem direito de nos ameaçar. É unânime na sala a revolta com a instituição”, pontua.
Para Júlia, o situação é de intenso medo, principalmente, pela sua saúde e de seus familiares. “Se sentimos algum sintoma já bate aquele desespero tanto por nós quanto pela nossa família”.
Para a proteção dos alunos, a Unic fornece o Equipamento de Proteção Individual (EPI’s) como capote, sobre jaleco, máscara nº 95, face shield e touca. E montou um protocolo de atendimento para reduzir o risco de contaminação, sendo assim, os pacientes passam por uma triagem com perguntas relacionadas a Covid-19, onde o paciente e o aluno assinam. Todavia, apenas o questionário e os EPI’s obrigatórios, não oferecem a proteção necessária que a vacinação proporciona.
Na turma de Paula, felizmente, até o momento, nenhum aluno foi infectado, mas já há casos de alunos de outros semestres já atenderam pacientes com o vírus e acabaram infectados. Esses estudantes, inclusive, possuíam familiares do grupo de risco em sua residência.
Outro lado
Por meio de nota, a Unic informou que, devido a regras estabelecidadas pela Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS), a instituição de ensino não consegue determinar quando os estudantes serão vacinados. (Veja na íntegra a nota)
A Universidade de Cuiabá (Unic) informa que, quanto à vacinação da Covid-19, é preciso esclarecer que as regras estabelecidas e os requisitos para que cada categoria se encaixe como grupo prioritário, é uma atribuição das secretarias de saúde dos municípios e estados, que atuam de acordo com o Plano Nacional de Imunização (PNI), sem que a instituição de ensino possa determinar a destinação dos imunizantes. Diante desta realidade, a Unic encaminhou ofícios para o Ministério Público, Vigilância Sanitária e Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, requerendo a vacinação dos acadêmicos da área da saúde, que atuam nas clínicas da instituição. No entanto, o retorno recebido até o momento é de que deve ser obedecida a ordem dos grupos prioritários estabelecida pelo município. A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS) iniciou a vacinação dos profissionais da área em questão, incluindo os dentistas, mas é preciso destacar que estagiários e acadêmicos da saúde, assim como os trabalhadores dos setores administrativos, ainda não foram integrados no grupo prioritário para a vacinação.