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CIDADES Terça-feira, 18 de Dezembro de 2018, 11:13 - A | A

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2018, 11h:13 - A | A

OPERAÇÃO SANGRIA

"Vidas foram ceifadas por ambição", afirma delegado sobre organização que atuava na saúde pública de Cuiabá

Karollen Nadeska, da Redação

Deflagrada nesta terça-feira (18), o delegado Lindomar Aparecido Tofoli, disse que a 2ª fase da Operação Sangria tem por objetivo investigar “a fundo” todos os contratos celebrados entre empresas de serviços médicos hospitalares com a Prefeitura de Cuiabá e Governo do Estado. Segundo ele, há indícios de que as irregularidades estariam sendo cometidas no âmbito desde as gestões anteriores.

 

“A questão da saúde é um problema crônico que não vem de hoje, nós temos que apurar um todo. Tudo que estiver envolvendo essas empresas nós iremos investigar a fundo”, falou à imprensa.


São citadas nas investigações as empresas Proclin (Sociedade Mato-Grossense de Assistência Médica em Medicina Interna), Qualycare (Serviços de Saúde e Atendimento Domiciliar LTDA) e a Prox Participações, beneficiadas por meio de um esquema criminoso. 


Conforme o delegado, o direcionamento irregular desses serviços afetou o procedimento burocrático das empresas concorrentes, ganhadoras dos certames, e prejudicou ainda mais pacientes que aguardavam por cirurgias através do Sistema Único de Saúde (SUS). 


“Tem profissionais qualificados em condições de prestar serviço adequadamente e que ganharam a licitação, estão quase há dois anos aguardando ajudicacação do processo e não podem trabalhar, e gente morrendo em fila porque não tem atendimento”, afirmou.

 

Questionado, o delegado alegou que ainda não é possível quantificar o número de pacientes prejudicados pelos desvios de recursos, de modo que os processos da empresas contratadas ainda serão analisados com rigor.


“Eu não posso falar isso agora, o que eu sei é que várias pessoas foram prejudicadas pela falta de atendimento em decorrência de desvios de recursos públicos”, explica.

 

“Quantas vidas já foram ceifadas e quantos continuarão morrendo em hospitais públicos pelo descaso e pela ambição dessa organização criminosa, na maioria formada por médicos e que na verdade ao invés de salvar vidas estão única e exclusivamente preocupados em ganhar dinheiro de todas as formas possíveis, levados por ambição desenfreada, sem qualquer tipo de escrúpulos e consideração pela vida humana”, destacou.

 

O delegado orienta ainda para que os prejudicados denunciem o casos de negligência ou falta de atendimento pela rede SUS, ao longo dos últimos 6 anos. 

 

“Pedimos apoio da população para transformar essa calamidade que a saúde pública de Mato Grosso. Aquelas pessoas que foram prejudicadas, tiveram parentes que morreram por falta de atendimento nos hospitais, que denunciem para que possam ser punidas com rigor essas pessoas que desprezam o valor da vida humana”, orientou o delegado.


Alvos da Operação

 

Ao todo, a operação Sangria cumpriu 8 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão contra um grupo formado por médicos, empresário, servidores e funcionários das empresas citadas. Entre as pessoas ligadas aos atos criminosos praticados, estão o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia, Fábio Liberali Weissheimer (médico); Adriano Luiz Sousa (empresário); Kedna Iracema Fonteneli Servo; Luciano Correa Ribeiro (médico); Flávio Alexandre Taques da Silva Fábio Alex Taques Figueiredo e Celita Natalina Liberali, todos com prisões decretadas pela juiz Marcos Faleiros da 7ª Vara Criminal da Capital.