Quarta-feira, 01 de Maio de 2024

O BOOM DA NOTÍCIA Segunda-feira, 12 de Abril de 2021, 12:07 - A | A

Segunda-feira, 12 de Abril de 2021, 12h:07 - A | A

LOBBY RELIGIOSO

Cai faturamento de igrejas

O Bom da Notícia

Com a decisão liminar que permitia a abertura de templos ainda em vigor, o pastor Valdemiro Santiago convocou seus fiéis para um culto presencial, no domingo de Páscoa, prometendo ‘um tempo poderoso de milagres e salvação’ na pandemia de covid-19. Em São Paulo, a imponente sede da Igreja Mundial do Poder de Deus, que abriga até 10 mil pessoas, encheu. Ao final de mais de duas horas de sermões e testemunhos, Valdemiro pediu doações.

‘Queria dizer que estamos dando um duro danado para pagar aluguéis, funcionários, fornecedores. Está tão difícil para todo mundo...’, implorou o pastor. Dentro da igreja, números das contas bancárias foram projetados em telões. Valdemiro, no entanto, se concentrou no método tradicional, e seus colaboradores passaram a percorrer o templo com envelopes, alforges - sacolas de pano -e gazofilácios - pequenas urnas de madeira.

‘Você vai colocar uma oferta generosa, com muita alegria. Vai colocar e dar um beijinho: Essa é para o Senhor Jesus’, orientou. Na última quinta-feira, porém, o plenário do Supremo Tribunal Federal derrubou a liminar que havia sido concedida pelo ministro Kassio Nunes Marques. Ao afastar os fiéis das celebrações presenciais, o coronavírus reduziu a arrecadação de instituições evangélicas e católicas. O presidente Jair Bolsonaro ajudou na pressão sobre a Corte.

‘Supremo fechar igrejas é o absurdo do absurdo’, insistiu ele. Na prática, a limitação das receitas é um dos panos de fundo do lobby religioso para que templos não sejam fechados no pior momento da covid-19. Apoiar organizações religiosas é a causa mais popular de doações no Brasil, segundo a pesquisa Brasil Giving Report 2020, realizada antes da pandemia pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS).

Na rotina das igrejas, depósitos em espécie feitos durante as celebrações são importante modalidade de arrecadação, principalmente nos templos frequentados por pessoas mais pobres. O impacto é acentuado pela crise econômica, que aumentou o desemprego e diminuiu a renda.

Contribuições de fiéis de todas as denominações religiosas levam cerca de R$ 15 bilhões para dentro das instituições. O valor equivale a 65% de tudo o que as entidades arrecadam, de acordo com os mais recentes dados da Receita Federal, de 2018. Líderes religiosos admitem encolhimento de 5% a 40% nas receitas.