A equipe pedagógica da Penitenciária Major Eldo Sá Corrêa está desenvolvendo um projeto educativo com reeducandos sobre a influência da cultura africana na cultura brasileira. A temática atende legislação federal que trata da obrigatoriedade da história e cultura afro-brasileira no currículo oficial de ensino.
Nesta semana, os reeducandos participaram de uma palestra com o professor e doutor em Filosofia, Emerson de Arruda, que falou sobre "O negro e o racismo no Brasil: contexto histórico e atualidade". A palestra integra as estratégias de metodologia do projeto desenvolvido pelas pedagogas da penitenciária, Creuza Ribeiro e Marli Bruno.
Um dos objetivos do projeto é despertar os estudantes para a africanidade brasileira manifestada nas artes, cultura, esportes, culinária, religião, como elementos de cidadania, além de conduzir à reflexão sobre a cultura afrodescendente. "A finalidade maior é principalmente levar o aluno ao exercício da cidadania e a pensar sobre o que é cultura, que influências outras nações trouxeram para nós, fazendo um resgate da contribuição da cultura africana na formação étnica e racial brasileira", explica Creuza Ribeiro.
A pedagoga acrescenta que o projeto inclui ainda pesquisa junto aos alunos sobre a real identidade de cada um, como eles se veem nesse contexto de história e identidade cultural. "Então é um exercício de reflexão porque nós temos a lei que traz a obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira e um objetivo maior que é suscitar em todos eles a reflexão de quem são, quais valores, qual a história da África, a contribuição e influência dos africanos na construção da nossa história", pontua a pedagoga.
Conforme dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), em Mato Grosso 71% da população prisional em regime fechado é classificada como negra.