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POLÍTICA Quinta-feira, 18 de Julho de 2019, 16:16 - A | A

Quinta-feira, 18 de Julho de 2019, 16h:16 - A | A

GRAMPOLÂNDIA PANTANEIRA

Cabo diz que escondeu áudios da arapongagem na casa da mãe antes de jogá-los em rio

Ana Adélia Jácomo e Rafael Medeiros

Em depoimento que busca descortinar o esquema de escutas ilegais, conhecido como “grampolândia pantaneira”, o cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa, afirmou que o conteúdo das interceptações telefônicas nunca será conhecido, já que ele destruiu todos os arquivos armazenados em pen drives e HD´s. Os áudios teriam sido destruídos e jogados em um rio.

 

Durante audiência nesta quarta-feira (17), com o juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Especializada da Justiça Militar de Cuiabá, Gerson disse que chegou a guardar as provas na casa da própria mãe, mas que após o escândalo vir à tona, foi orientado pelo ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, Zaqueu Barbosa, a destruir as provas. 

 

A ordem para que o esquema de escutas ilegais fosse implantada ocorreu em 2014, quando o ex-governador Pedro Taques (PSDB) era senador da República e concorria pelo Governo do Estado. O objetivo era prever ações de inimigos políticos durante o pleito. 

 

“Guardei por muito tempo na casa da minha mãe, mas com a eminência de ter uma busca e apreensão, a minha mãe fez eu destruir essas placas. Eu fiquei guardando por muito tempo. Só fui destruir em 2017, por muito pouco eu apresentaria as placas aqui (em juízo). Essas gravações foram destruídas por mim, e o senhor nunca vai ver por aí nenhum áudio oriundo do núcleo de inteligência. Eu destruí todos os HD´S”. 

 

Segundo ele, após o ex-secretário de Segurança Pública Mauro Zaque denunciar o esquema ao coronel Zaqueu e ao coronel Airton Benedito Siqueira Junior, imediatamente lhe foi determinado que “sumisse com tudo”. 

 

“Quando o Mauro Zaque levou essa informação ao coronel Zaqueu e ao coronel Siqueira, falando que tomou conhecimento e trouxe papel e mostrou pra eles, imediatamente Zaqueu determinou ao Lesco que encerrasse tudo e sumisse com tudo. Foi então que eu sai em peregrinação pelos locais e fui encerrando tudo e a principal medida foi destruir as gravações”. 

 

“Queria ter tudo aqui pra trazer, mas não tenho. Eu destruí tudo. A forma como destruí: quebrei e joguei no rio tudo isso. Quebrado, mas joguei. Todas as informações dos áudios nunca vão vir à tona, exceto alguns pen drives que eram repassados ao senhor Paulo Taques”, disse ele, se referindo ao primo do ex-governador e ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques. 

 

JANETE NO TCE

 

Gerson detalhou como era feita a triagem dos conteúdos interceptados no Núcleo de Inteligência da Polícia Militar, mais especificamente no Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado). Ele contou ao juiz Faleiros que ouvia as conversas, fazia resumos e entregava todo e qualquer diálogo suspeito a Paulo Taques.

 

Entre os fatos políticos que chegou ao conhecimento de Pedro Taques, por meio dos grampos, teria sido a ascensão do nome de Janete Riva para ser indicada como conselheira do Tribunal de Contas do Estado. (TCE).

 

Janete é esposa do ex-deputado estadual José Riva, conhecido desafeto de Pedro. Seu nome foi barrado pela Justiça em 2014, sob o argumento que ela não teria idoneidade moral, e nem reputação ilibada. 

 

“Um fato políticos que chegou ao governador: eu gravei pra ele um pen drive onde o coronel Mendes narrava uma possível ascensão da senhora Janete Riva para o Tribunal de Contas. Foi detectado esse diálogo e gravei e entreguei para o Zaqueu, e ele por sua vez levou até o governador. Tudo foi colhido no núcleo de inteligência.

 

 

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