O influencer Cleverson Daleffe, denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso pelo crime de extorsão contra o advogado Miguel Zaim, de Cuiabá, espalhou um vídeo em grupos de WhatsApp e outras plataformas digitais onde admite o crime e debocha de um site cuiabano pode ter publicado a reportagem.
Como divulgado, Cleverson tentou extorquir Miguel Zaim em março de 2023, exigindo dinheiro referente a dois terrenos que foram vendidos ao irmão dele, Claudinei, para que não fizesse uma live ofendendo o advogado.
Como Zaim não respondeu à tentativa de extorsão, Daleffe de fato fez a live, o que gerou um inquérito policial que concluiu que ele cometeu os crimes de ameaça e extorsão. Já em 3 de setembro deste ano, o Ministério Público concordou com a Polícia Judiciária Civil e denunciou o influencer por extorsão, com comprovado “em provas robustas”.
“(...) no dia 15/03/2023, o acusado entrou em contato com a vítima por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, ameaçando-a de realizar exposições públicas de cunho difamatório a seu respeito, na plataforma do acusado no Instagram, a qual possui mais de 140 mil seguidores (na época), caso a vítima não realizasse o pagamentos imóveis de lotes 29 e 30 ou a transferência de propriedade deles, arguindo que tais lotes não pertenciam à vítima, mas sim a seu irmão Claudinei”, descreve trecho da denúncia do MP, assinada pelo promotor Anderson Yoshinari Ferreira da Cruz.
De forma desequilibrada, no vídeo divulgado durante o final de semana, Cleverson Daleffe volta a xingar Miguel Zaim e estende as ofensas à família do advogado.
“Eu quero que esse vídeo chegue pra você, Miguel Zaim. Sua mãe, seu pai, se estiverem vivos devem ter muita vergonha de ter um filho vagabundo como você, sua mulher deve ter vergonha de ser mulher de um vagabundo como você, e seus filhos devem ter muita vergonha de ter um pai safado e vagabundo como você”, gritou.
No vídeo, pulverizado em Mato Grosso nas redes sociais pelo corretor Juliano Lobato, já conhecido pela rivalidade contra Miguel Zaim, a pedido do próprio influencer, ele ainda diz que não foi notificado da denúncia por extorsão, mas afirmou que não tem medo.
Daleffe ainda debochou de um dos maiores sites cuiabanos, parecendo estar alheio ao fato de que a denúncia ganhou repercussão e foi publicada por diversos veículos da imprensa, devido ao teor do documento ser de domínio público no órgão ministerial.
Bastante irritado por ter sido chamado de “influencer”, ele pede que o site publique o vídeo enviado por ele como “outro lado”.
“Pede pro site do Olhar Direto agora pegar esse meu vídeo e postar no site aí, em resposta a essa publicação estúpida que eles estão fazendo contra mim, sem nem me ouvirem. E depois, Olhar Direto, corrija sua publicidade, porque eu não sou influenciador. Sou empresário há mais de 25 anos, decente.”
Por fim, ainda desafia que o vídeo com as novas ofensas seja espalhado para “todo mundo”.
“Manda esse vídeo pra todo mundo, pra mostrar o tanto que eu tenho medo do Miguel Zaim”, conclui.
Entenda o caso
A denúncia, assinada pelo promotor Anderson Yoshinari Ferreira da Cruz, teve origem em uma ação movida por Miguel Zaim, depois que o “coach” fez uma live em seu Instagram, em março de 2023, onde usou palavras de baixo calão contra o advogado, a fim de obter vantagens ilícitas envolvendo a venda de um terreno que sequer era para ele, e sim ao irmão dele, Claudinei.
Tudo começou em 2015, quando Zaim vendeu um terreno para Claudinei Daleffe e ambos concordaram que, em prazo pré-determinado entre eles, a escritura seria transferida para o comprador. No entanto, em 2016, antes que findasse esse prazo, Claudinei vendeu o terreno para uma terceira pessoa - Dioran Ataíde Passos - e pediu que Zaim passasse direto para este a escritura. Assim foi feito.
Quatro anos depois, Claudinei entrou em contato com Zaim e pediu que a escritura fosse feita em seu nome, pois o terceiro envolvido na compra não teria pago o valor combinado. Não tendo nada a ver com essa negociação, Zaim informou que não seria possível, pois já havia cumprido o que estava previsto em contrato e não poderia voltar atrás.
Totalmente alheio a toda essa negociação, Cleverson Daleffe tentou extorquir Miguel Zaim em 2023. Dias antes de fazer a transmissão ao vivo, enviou uma arte gráfica com o anúncio da live para o advogado, pedindo o dinheiro do imóvel para que ela não fosse ao ar.
Baseada em inquérito da Polícia Civil de Mato Grosso, que indiciou Daleffe por chantagem e extorsão, a denúncia expõe ainda que, além de exigir o valor dos imóveis, Cleverson também fez graves ameaças, afirmando que difamaria publicamente e ofenderia a reputação de Zaim, que é secretário no Conselho Federal da OAB, a fim de prejudicá-lo.
Como o advogado se recusou, Daleffe de fato fez a live no dia 27 de março de 2023 e, nela, desferiu inúmeras ofensas, chamando Zaim, por exemplo, de “golpista”.
Poucos dias depois, em 4 de abril de 2023, uma liminar ordenou que Daleffe excluísse o vídeo de todas as plataformas digitais e o proibiu de fazer qualquer menção a Miguel Zaim, no entanto, o dano já estava causado.
Pelo crime de Extorsão, tipificado pelo artigo 158 do Código Penal, o promotor Anderson Yoshinari Ferreira da Cruz pede ao judiciário que aceite a denúncia, prossiga com as audiências de instrução e julgamento e condene Cleverson Daleffe pelo crime.
Se condenado, Daleffe pode pegar de quatro a dez anos de prisão e ainda pagar multa.
Número do Processo: 1013822-90.2024.8.11.0042