Quinta-feira, 21 de Agosto de 2025

POLÍTICA Quinta-feira, 21 de Agosto de 2025, 12:11 - A | A

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PREJUDICAM ESCOAMENTO

Jayme Campos pressiona Governo por “Revolução Hidroviária” em Mato Grosso

O Bom da Notícia/ com assessoria

Enquanto o debate logístico se concentra em estradas e ferrovias, o senador Jayme Campos (União-MT) defendeu a integração das hidrovias à matriz de transportes. A proposta foi apresentada na sabatina dos indicados para diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), nesta quarta-feira 20, na Comissão de Infraestrutura do Senado. Campos defendeu um plano integrado para o país, de modo a desenvolver a navegação interior no Estado.

Na defesa da conectividade dos modais de transporte, o parlamentar classificou a situação atual do sistema hidroviário como um “desperdício histórico” do potencial natural. Ele ressaltou que o Estado tem um quadro de oportunidades perdidas e listou as bacias hidrográficas que cortam o Estado – Juruena, Tapajós, Araguaia-Tocantins e Paraguai – como fundamentais ao desenvolvimento do modal. Contudo, ele lamentou que nenhum projeto tenha avançado de modo adequado.

O cerne da crítica foi direcionado ao poder público, que, em concessões para usinas hidrelétricas, não exigiu a construção das eclusas necessárias para a navegação. "Quando se dá uma concessão, o Governo tinha a obrigação de exigir as eclusas. São rios que têm toda a capacidade de escoar a nossa produção com custo menor e menos poluição. E não foi feito. Hoje estamos lá, com aquele potencial hidráulico fantástico, mas sem condições" e se transformaram barreiras intransponíveis para barcaças.

Especialistas consideram o modal hidroviário como o mais negligenciado e, paradoxalmente, um dos mais promissores para o Brasil.  Esse meio é considerado significativamente mais barato que o rodoviário. Além disso, o modal é o que emite menos poluentes por tonelada transportada, um trunfo cada vez mais valorizado no mercado global.

Para um estado que produz 140 milhões de toneladas de grãos e está a mais de 2.000 km dos principais portos, a economia seria bilionária, aumentando a competitividade internacional da produção brasileira. Uma única composição de barcaças pode transportar o equivalente a centenas de caminhões, aliviando a pressão sobre as já congestionadas e deterioradas rodovias, segundo observou o senador, ao destacar ainda os efeitos sobre a agenda ambiental. “Eu imagino que, com poucos recursos, nós poderíamos melhorar e fazer esse transporte intermodal, barateando o custo da produção” – salientou.

“Se nós fôssemos um país, éramos o terceiro maior produtor do planeta”, afirmou, ao cobrar dos sabatinados que a agência tenha fiscalização rigorosa e um plano concreto para superar os crônicos entraves logísticos que prejudicam o escoamento da produção de Mato Grosso, maior produtor de grãos do país. Ele citou especificamente a BR-163, uma rodovia crucial para o agronegócio, e questionou se a agência tem estrutura suficiente para garantir que os contratos de manutenção, duplicação e valores de pedágio estão sendo cumpridos à risca. 

Jayme Campos defendeu ainda que os novos diretores, cuja aprovação de seus nomes ainda depende da aprovação no plenário do Senado, tratem com prioridade o aprimoramento da regulamentação do transporte rodoviário de cargas, assegurando que as políticas das agências possam contribuir para a redução dos custos operacionais e para a melhoria das condições de trabalho dos condutores.