A delegada Jannira Laranjeira é a convidada desta quarta-feira (27.11), às 17h, do Cast do Bom, no estúdio do O Bom da Notícia, em entrevista com as jornalistas Marisa Batalha e Julia Panosso, ao vivo pelo YouTube do portal.
Uma das referências em Mato Grosso no enfrentamento à violência contra a mulher, Jannira inicia uma nova fase de atuação pública, após deixar a Coordenadoria de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e Vulneráveis da Polícia Civil.
Em novembro, em meio à campanha nacional dos '21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas', a delegada fundou o Movimento Voz, de olho em ampliar debates, fortalecer redes de proteção e ocupar espaços sociais e institucionais frequentemente restritos às mulheres. Pois para ela 'não é um trabalho que depende de cargo, mas um compromisso que segue com ela em qualquer lugar onde estiver'.
Também agora em novembro - quando anunciou a criação de seu movimento -, Jannira trouxe a público a forma como mulheres delegadas são tratadas dentro da instituição. Entre os episódios, relatou ter sido removida de uma fotografia publicada no Instagram oficial da Polícia Civil, registrada durante uma homenagem da Câmara Municipal de Cuiabá — permanecendo apenas ao fundo, atrás de colegas homens e ainda assim em uma só foto das várias disponibilizadas.
Para ela, o caso simboliza um problema estrutural: "Nunca foi sobre uma foto. É sobre o lugar onde querem colocar as mulheres. Não se trata de apontar culpados, mas de revelar o quanto ainda precisamos evoluir para reconhecer o mérito de todos”.
Contexto da violência em Mato Grosso
No bate-papo desta quarta estará, igualmente, em discussão, a liderança de Mato Grosso, pelo segundo ano consecutivo, no ranking nacional de feminicídio. Até esta última terça-feira (26), 51 assassinatos de mulheres foram registrados, quatro a mais do que todo o ano anterior. Ainda é preciso levar em consideração que sete destas vítimas possuíam medidas protetivas vigentes — e ainda assim não sobreviveram.
Além disso, quatro municípios mato-grossenses — Sorriso, Tangará da Serra, Sinop e Cuiabá — figuram entre os 50 com maiores taxas de estupro e estupro de vulnerável no país.
Mesmo fora da coordenadoria, Jannira reafirma que continuará atuando em apoio às vítimas e na construção de políticas preventivas. "O tema é urgente e exige a participação de toda a sociedade. Não podemos normalizar a morte de mulheres como parte da paisagem".


