Ao menos mil veículos participaram neste último domingo (8), em Cuiabá, da carreata "Para mudar o Brasil, precisamos mudar Cuiabá", apesar de uma chuva insistente que acompanhou centenas de pessoas em todo o trajeto, com concentração realizada na Praça das Bandeiras, na Avenida do CPA, cortando boa parte da capital e finalizando na Câmara de Vereadores.
A motivação - um protesto contra a corrupção -, teve palavras de ordem pedindo o afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e a volta da CPI do Paletó na Casa de Leis. E mesmo pautada na luta contra a cassação do vereador social cristão, Abílio Junior, a carreata também foi uma manifestação contra o aumento do salário do prefeito, os mais de 650 milhões em empréstimos avalizados pelos parlamentares municipais, por meio de empréstimos, a taxação dos aplicativos, corrupção na saúde, inauguração de obras inacabadas, falta de medicamentos nas unidades de saúde, obras de asfalto de má qualidade, aluguel fantasma na SEC 300, e mais de 30 milhões em propaganda.
Coordenada pelos vereadores que fazem oposição ao prefeito emedebista, na Câmara, estiveram presentes Abílio Júnior (PSC), Marcelo Bussiki (PSB), Felipe Wellaton (PV), Dilemário Alencar (Pros) e Wilson Kero Kero (Podemos). Só não pode estar presente o vereador Diego Gimarães (PP), que comemorou seu aniversário em família.
Pelas redes sociais, os vereadores comemoraram a grande partiipação popular, com a promessa de que outras virão em breve, como em Live realizada pelo vereador Dilemário Alencar em que anuncia outros atos e lembra que mesmo debaixo de chuva a população apoiou em peso o ato. "O povo veio de forma gratuita e voluntária. Vamos continuar firme lutando por uma Cuiabá sem corrupção. Essa carreata foi a primeira de muitas que vão vir. Vamos continuar até que a gente construa uma Cuiabá melhor".
Nativo das redes sociais, o parlamentar Abílio Junior - por meio de sua página no Facebook -, chegou a mostrar o número de pessoas que foram às ruas debaixo de chuva. E como prometido, anteriormente, a escultura destruída na semana passada, no ateliê do artista Amâncio Ribeiro Alves, o São Paletó, estava inteiramente refeita. Pendurada em um guindaste, a estátua é uma refererência do vídeo que viralizou por todo o país, onde o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, na época deputado estadual, é flagrado enchendo os bolsos do paletó de propina.
O artista que criou o 'São Patetó' é conhecido pela realização de trabalhos que comumente denunciam a corrupção e tem exposição permanente na Ordem dos Advogado do Brasil - secção Mato Grosso. De acordo com a PM, o evento seguiu de forma cívica e ordeira, sem nenhuma ocorrência.
A cassação
Já divulgado pelo O Bom da Notícia, a manifestação organizada pelo social cristão Abílio Júnior é uma bela estratégia de marketing, em uma guerra que vem sendo travada nos bastidores do parlamento cuiabano, por alguns de seus colegas de Casa, para cassar seu mandato, sob análise na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, comandada pelo vereador Toninho e Souza (PSD), em decorrência de supostos excessos cometidos por Abílio dentro e fora da Câmara.
Abílio teve no final de outubro um procedimento instaurado na Câmara de Vereadores da capital - por meio da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar.
Na última semana, uma denúncia da servidora do Hospital São Benedito, Elizabete Maria, na Comissão de Ética e posteriormente na Delegacia Fazendária (Defaz), resultou na abertura de inquérito policial para investigar Emanuel Pinheiro e vários parlamentares municipais. Segundo a funcionária lota no Hospital São Benedito, o prefeito esteve numa festa no Condomínio Belvedere, na casa do vereador Juca do Guaraná (Avante), onde teria entregue para alguns vereadores presentes, R$ 50 mil reais em troca do voto para cassar o mandato de Abilio Junior, na Câmara.
Posicionamento de Emanuel
O caso rumoroso de compra de votos para a cassação de Abilio Junior(PSC), em reunião secreta, supostamente, ocorrida no Condomínio Belvedere, resultou em um longo desabafo do prefeito emedebista, em entrevista recente dada ao site O Factual, quando prometeu que iria "até as últimas consequências" para provar que não participou deste encontro. E, nem tampouco, teria oferecido dinheiro, uma bolada em torno de R$ 50 mil, para assegurar a saída do social cristão da Câmara da capital."A verdade terá de aparecer, a servidora que me acusou e que ainda acusou outros tantos vereadores terá de provar o que disse".
Em conversa com jornalista e por meio de nota oficial, Pinheiroi ainda reiterou sua inocência, afirmando que estaria "sofrendo na carne os malefícios de uma mentira, com intuito de atingir sua imagem como prefeito de Cuiabá". Ao se posicionar quanto ao pedido do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco Criminal), nesta última sexta-feira (06), para que a Polícia Judiciária Civil o investigue por suspeita de corrupção ativa.
E ainda que a investigação seria o instrumento adequado para desmascarar o que classificou de conluio. Ao afirmar que o inquérito policial poderá apontar quem, de fato, seriam os "verdadeiros autores e, principalmente, os indivíduos que ardilosamente contribuíram para a atitude criminosa da servidora"