As medidas adotadas pelo governador em relação à pandemia têm causado certo desconforto entre os deputados estaduais aliados. Conversas de bastidores apontam que a reunião realizada com Mauro Mendes (DEM) no início da semana, 22 de março, foi o estopim para a base ter votado toda contrária ao projeto do gestor.
Os parlamentares apresentaram ao governador diversas sugestões para o momento de pandemia, dando exemplos de gestores de outros estados, principalmente, quanto à questão social. Para eles, no entanto, o governador não levou em conta nenhuma observação feita pelo legislativo.
Mesmo os que garantiram votar no projeto do governador que instituiria um feriadão acabaram recuando. Uma crítica que se faz é quanto à ‘falta de tato’ do governador para com a destinação de recursos para o social.
Um dos deputados, João Batista (Pros) chegou a afirmar que isso estaria causando bastante desconforto aos parlamentares.
"A gente esperava que o governador voltasse mais os olhos para a área social, é um sentimento geral, base, independentes e oposição. Ninguém é contra a infraestrutura, agora o governo mesmo fala que tem R$ 3 bilhões para infraestrutura e está a ponto de fechar o comércio e não tem coragem de tirar da infraestrutura para colocar no social".
Ele citou por exemplo os guias turísticos da baixada cuiabana. "Todos os guias estão parados a mais de um ano e o governador não tem coragem de criar uma linha de benefício para esses profissionais. A Assembleia está a mais de um ano fazendo economias para devolver, e ficamos chateados que não vemos retorno para o social, essa é nossa birra", disse Batista.
Defensor de Mendes
O deputado Eduardo Botelho (DEM) disse ao O Bom da Notícia, que é natural o descontentamento por parte dos colegas e ressaltou que nesse momento todos têm ideias, mas o governador precisa avaliar as mais viáveis para se colocar em prática.
“Esse momento é como uma Copa do Mundo, todo mundo quer dar pitaco, todo mundo quer ser técnico. Mas não é fácil para o governador ouvir tanto de todo mundo e ter que tomar atitudes. Ele está gerindo um Estado e precisa ouvir todos os lados, não é tão simples”, disse Botelho.
O democrata, que está na primeirasecretaria da Assembleia Legislativa, já havia criticado o valor do auxílio de R$ 150. Para ele, seria necessário pelo menos o dobro, se houvesse uma parceria para que os municípios complementassem o recurso aportado pelo governo. Sem essa possibilidade, ele diz que a Casa de Leis vai buscar ajudar o governo e três frentes já estão em andamento.
A primeira dela é a liberação para que a Assembleia compre sacolões para que sejam doados para as famílias que mais necessitam. A outra é uma parceria com Tribunal de Contas e Ministério Público para a compra de oxigênio para a Secretaria de Saúde e por fim, a Casa estuda a criação de um centro de triagem no pátio da Assembleia.